sábado, 11 de agosto de 2007

Jornal do Brasil: "É notório no Rio Grande do Norte o poder de Agripino na comunicação"

Matéria do JB Online de hoje destaca que 1/3 do Senado tem rádios; José Agripino é citado como dono de "uma dezena de emissoras"


"O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, tem companhia de sobra na Casa no clube dos que são donos de rádios e TVs. Nenhum dos senadores ainda prontificou-se a criticar o suposto uso de laranjas pelo alagoano para comprar emissoras no reduto eleitoral porque o tema acaba por se tornar um potencial telhado de vidro para muitos. Pelo menos um terço dos 81 senadores é dono de emissoras, conforme levantamento feito ano passado, depois das eleições, pela Agência Repórter Social com base em dados dos tribunais regionais eleitorais e do Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom).

Curiosamente, depois que a nova denúncia contra Renan surgiu, a maioria dos senadores proprietários de emissoras ou submergiu, ou fugiu do tema esta semana.

O líder do DEM, José Agripino Maia (RN), que protocolou na Mesa Diretora da Casa pedido de investigação sobre o caso Renan, tem na ficha uma dezena de emissoras. Mas, segundo o democrata, sem laranjas.

Não é crime um político ter concessão de rádio e TVs - um filão abocanhado nos rincões do Brasil pelos deputados e senadores que desejam aumentar a influência por meio da comunicação em seus redutos. A Constituição permite que o parlamentar seja dono, sócio majoritário ou minoritário de qualquer concessão, desde que não exerça cargo de direção na empresa.

Muitos deputados e senadores, no entanto, preferem deixar no contrato social parentes próximos ou amigos para fugir de qualquer eventualidade política ou jurídica que lhes prejudique o mandato. Não é o caso de Agripino, garante o senador, que desafiou Renan em plenário depois de o presidente do Senado insinuar possíveis irregularidades em suas concessões.

- Rádio só dá prejuízo, não sei nem quantas eu tenho. Acho que sou dono de duas e tenho sociedade em outras três - diz o senador.

Aliados e adversários do senador sabem. É notório no Rio Grande do Norte o poder de Agripino na comunicação. Ele é proprietário da Rede Tropical de rádio e TV, retransmissora da Record no Estado. Defende a idoneidade na questão alegando patrimônio familiar, há duas décadas, quando já era político conhecido.

- As concessões que tenho são herança do meu pai, de 20 anos atrás, que fez doação aos filhos: eu e meus irmãos Ana Sílvia Maia e Otto Agripino Maia - defende-se, para em seguida atacar o adversário. - Renan é quem tem a obrigação de apontar irregularidades. Não sou daquele tipo que corre atrás da concessão. E nunca assumi direção.

Em plenário, o assunto ganha proporções bem menores que o esperado pela repercussão das sucessivas denúncias contra Renan. Não por acaso, na questão da última acusação que veio à tona sobre os possíveis laranjas das emissoras do senador, aqueles que são donos de rádios e TVs nem apareceram no plenário. Com exceção de Agripino, outros ilustres senadores proprietários de emissoras, como Wellington Salgado (PMDB-MG), Fernando Collor (PTB-AL), João Tenório (PSDB-AL), César Borges (DEM-BA) e Mão Santa (PMDB-PI) preferiram não abordar o tema. Também dono de universidades, Salgado, por exemplo, tem 50% da Rede Vitoriosa de Comunicações, com cotas avaliadas em R$ 2 milhões. Tenório, conterrâneo de Renan, é sócio da TV Pajuçara em Maceió.

O tucano Tasso Jereissati, outro que sucumbiu esta semana depois do escândalo das rádios, mantém o controle da TV Jangadeiro no Ceará, com cotas que valem R$ 1,1 milhão. Edison Lobão (DEM-MA), amigo da família Sarney, é dono de quatro e sócio em duas rádios no Maranhão."

Comentário

O senador josé Agripino, homem com "notório poder na comunicação", como assinala a matéria do JB Online, diz que nunca assumiu cargo de direção.

Então, pergunto a mim mesmo: quem será que pauta a transmissão diária dos discursos dos senador pela TV Tropical?

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