"Antônia, o filme, estreou na última sexta com todos os elementos para ser um êxito de bilheteria. A saber:
1) vinha no embalo de uma série de TV global que teve boas médias de audiência no ano passado.
2) teve intensa atenção da mídia, especialmente na Globo, co-produtora do filme, que dedicou espaço em seus programas mais nobres para exibir cenas e entrevistas com as protagonistas.
3) foi alvo de uma boa campanha de marketing, com propaganda nos principais jornais e trailers/comerciais na TV.
4) recebeu críticas positivas dos principais jornais e revistas do país. Na avaliação geral dos críticos, "Antônia" é uma peça de entretenimento popular que funciona bem.
5) foi lançado com 125 cópias nas principais cidades do país. Mais do que, por exemplo, os candidatos ao Oscar "Babel" (81 cópias) e "A Rainha" (80).
Mesmo com tudo isso, o filme teve apenas 23.906 espectadores em seu primeiro final de semana e ficou em décimo lugar no ranking de estréias, atrás de xaropadas como "À Procura da Felicidade" e "Rocky Balboa". No pior cenário previsto por seus produtores, "Antônia" teria 80 mil espectadores nos dias de estréia. O que deu errado?
Um palpite: o cinema deixou há muito de ser entretenimento popular, com seus ingressos entre R$ 15 e R$ 20. É lazer para classe média alta, que tem real poder de consumo. E "Antônia" não atrai tal fatia da população, porque não tem nenhum astro ou estrela (de Hollywood ou das novelas), é um drama (não uma comédia escrachada) e retrata o cotidiano da periferia de São Paulo. Não é fácil escrever isto, mas a realidade é que esse público consumidor não quer ver pobre no cinema. Na história nacional recente, a única exceção foi "Cidade de Deus". Ou estou enganado?"
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