Gilberto Dimenstein (Folha Online/Pensata - 07/02/06)
Se não surgir nenhuma nova e bombástica denúncia de corrupção, a tendência de Lula é crescer ainda mais nas pesquisas de opinião pública. Isso apenas mostra que a cúpula do PSDB, até pouco tempo tão segura sobre suas chances eleitorais, errou feio ao imaginar que o PT estava no chão, quase sem chance de levantar. Isso deve explicar o tom grosseiro das últimas declarações de Fernando Henrique Cardoso, parecendo não um ex-presidente, mas um chefe de torcida de time de futebol.
As razões do crescimento de Lula são óbvias. O efeito do aumento do salário mínimo ainda não ocorreu. Será ampliado o número de beneficiados dos programas de renda mínima. Há indicações de que, em próximos estudos, se registrem a queda na percentagem de pobres no país e a redução da desigualdade social. Não se vê crise internacional no horizonte, o que significa garantia de algum crescimento e redução do nível de desemprego. Estão sendo planejadas medidas para classe média e de intervenção nas regiões metropolitanas.
Tudo isso, claro, vendido pela mídia, numa espécie de horário eleitoral gratuito, bancado, claro, pelo contribuinte. Lula não sai do palanque e todos sabem de seu poder de comunicação. Some-se a isso que o PSDB não consegue escapar dos respingos dos escândalos do caixa 2, ajudando à tese daqueles que, para se salvar, dizem que todos estão no mesmo barco. Alem disso, o partido, apesar das aparências, está metido numa rede de intrigas internas e não ofereceu um projeto de nação alternativo ao do PT.
Se Lula vai se reeleger é outra discussão, mas que ele tende a ser um candidato fortalecido pelos fatos e factóides, não há dúvida.
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