O sensacionalismo não é exclusividade dos pequenos jornais. Os grandes, vez por outra, também descem a ladeira e aderem a esse gênero jornalístico.
Vide o exemplo do Diário de Natal de hoje, que exibe na capa a foto de parte do corpo de mais um detento assassinado no presídio de Alcaçuz.
A foto mostra o braço ensanguentado do morto, onde se lê a inscrição tatuada: "mato por prazer".
Há um balão com o aviso de "Imagens Fortes", que serve apenas para despertar ainda mais a curiosidade do leitor adepto desse tipo de notícia.
Na manchete, também impera o tom apelativo: "Segunda degola faz de Alcaçuz um novo 'caldeirão do diabo' ".
Na capa do caderno "Cidades", em letras garrfais vermelhas, sobre uma foto desfocada, lê-se a seguinte manchete: "De segurança máxima a novo caldeirão do diabo do RN".
A Tribuna do Norte resistiu ao sensacionalismo e deu menos destaque à notícia. O jornal não deixou de noticiar o caso, mas optou por não chocar o seu leitor. Colocou uma foto pequena na capa, mostrando um policial de costas e ao fundo, imagem meio desfocada, os pés do presidiário assassinado. Não há manchete chamando atenção para a notícia; apenas a inscrição acima da foto: "Penitenciária de Alcaçuz".
Na página 9, a manchete é a seguinte: "Mais um detento é decapitado no RN". O jornal não apelou a metáforas futebolísticas de mau gosto nem usou apelidos grotescos para se referir aos envolvidos no caso. A foto interna também é sutil, como a da capa.
Até o JH Primeira Edição maneirou a mão dessa vez e não colocou nenhuma foto nem manchete apelativa sobre mais essa morte no presídio.
Vai longe o tempo em que o DN podia ser considerado o melhor jornal da cidade.
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