Na quarta-feira 19 de julho, recebi um e-mail de Rodrigo Levino, apresentador da TV Tropical, em resposta aos comentários que fiz sobre o papel do jornalista e o tipo de jornalismo praticado pela emissora onde ele trabalha e comanda o programa "Encontro com a Notícia". No e-mail, Rodrigo prometia que minhas críticas seriam respondidas no programa de sábado 23 de julho (a resposta de Rodrigo está postada no bog). Isso não aconteceu. A TV de Agripino cerceou o direito de expressão de um cidadão, negando aos demais o conhecimentos dos fatos envolvidos na discussão.
No mesmo dia em que recebi a resposta enganosa de Rodrigo, enviei ao apresentador outro e-mail, onde eu teci outros comentários e ampliei o leque das críticas. Talvez tenha sido isso o que deixou a direção da TV de Agripino irritada.
Por isso, transcrevo aqui o conteúdo desse segundo e-mail do dia 19 de julho para que os leitores do blog fiquem inteirados sobre a situação:
"Caro Rodrigo,
Agradeço pela atenção dedicada ao meu e-mail e pela consideração em respondê-lo. Gostaria de acrescentar algumas coisas ao que já escrevi na mensagem anterior por considerar importante para o aprofundamento do presente debate.
Considero que as "questões sobre a linha editorial política da TV Tropical" são muito importantes para entendermos o que há por trás da notícia que o referido veículo leva ao cidadão. Principalmente, repito, pelo fato de se tratar de uma concessão pública, que deveria ter em conta o interesse público. A transmissão quase diária dos pronunciamentos do proprietário da TV e senador José Agripino serve ao interesse de quem? Como observa a professora da USP e filósofa Marilena Chauí, estamos nos movendo num campo público de interesses, mas que é regido por interesses privados e políticos.
O cidadão comum tem que ficar em casa resignado e mudo, pois não tem como manifestar sua insatisfação com o tratamento que os grandes veículos de comunicação dão aos fatos (quando há fatos). Isso, obviamente, não acontece apenas na TV Tropical. Observo o mesmo padrão nas outras emissoras locais, que, sem nenhuma excessão, atrelam o seu conteúdo aos interesses dos grupos políticos que as controlam. Por isso, é extremamente importante tratar da necessidade de democratização dos meios de comunicação. Penso que se isso não for levado em consideração, a essência desse debate vai por água abaixo.
No mesmo dia 15/07, os debatedores do "Encontro com a Notícia" aproveitaram a onda do PCC para, além do PT, destilarem seu ódio contra os movimentos socias no Brasil. Ressuscitaram os casos "Celso Daniel" e "Toninho do PT" para, nas entrelinhas, insinuar que as mortes desses dois personagens atenderiam aos interesses do partido do presidente Lula. Quase faziam como Élio Gáspari, colunista d'O Globo, que acusou Lula de ter suas impressões digitais na arma do policial que matou o brasileiro Jean Charles de Menezes em Londres.
Relembraram o caso da invasão do Congresso Nacional pelo Movimento pela Libertação dos Sem Terra (MLST), somente para dizer que quem comandou o ato foi um "dirigente da alta cúpula petista", insinuando que a confusão teria sido planejada e posta em prática pela direção do Partido dos Trabalhadores.
Essa foi a deixa para, novamente, tentar criminalizar todos aqueles que lutam pela reforma agrária no país. Claro, as cenas de violência no Congresso Nacional foram lamentáveis e injustificáveis. Mas, mais lamentável ainda foi a forma sórdida, hipócrita e covarde como esse acontecimento foi explorado por parlamentares e pela mídia, inclusive a imprensa potiguar.
A grande imprensa, assim como a imprensa local, sempre tratou os movimentos sociais como quadrilhas de criminosos, mesmo em ações pacíficas, como se a causa do surgimento dessas organizações populares não fossem legítimas. É como se dissessem (claro que não explicitamente) que pobre no Brasil não tem o direiro de se organizar.
O que deveria ser tratado como um excesso grave de um movimento social, foi tratado como "baderna", "arruaça", "bandidagem". A falta de terras para agricultores em um país onde "grileiros" possuem territórios equivalentes às dimensões de uma Holanda, é um ato de violência muito maior e cruel, incomparável ao que aconteceu no Congresso Nacional. Parece até que não há motivos para a população se revoltar.
A descontextualização dos fatos é a principal arma que a mídia (a grande indústria de manipulação das consciências, na definição de José Arbex Jr.) utiliza para passar sua mensagem à população.
Frei Betto observa que "No capitalismo, a moral predominante na sociedade é ambígua e contraditória, pois o valor maior para o sistema é a acumulação do capital. Assim, na moral desse sistema, a propriedade privada é um valor acima da existência humana (...). Maior e mais divino é o bem do povo que o bem particular, lembra São Tomás de Aquino".
Agradeço pela atenção dedicada ao meu e-mail e pela consideração em respondê-lo. Gostaria de acrescentar algumas coisas ao que já escrevi na mensagem anterior por considerar importante para o aprofundamento do presente debate.
Considero que as "questões sobre a linha editorial política da TV Tropical" são muito importantes para entendermos o que há por trás da notícia que o referido veículo leva ao cidadão. Principalmente, repito, pelo fato de se tratar de uma concessão pública, que deveria ter em conta o interesse público. A transmissão quase diária dos pronunciamentos do proprietário da TV e senador José Agripino serve ao interesse de quem? Como observa a professora da USP e filósofa Marilena Chauí, estamos nos movendo num campo público de interesses, mas que é regido por interesses privados e políticos.
O cidadão comum tem que ficar em casa resignado e mudo, pois não tem como manifestar sua insatisfação com o tratamento que os grandes veículos de comunicação dão aos fatos (quando há fatos). Isso, obviamente, não acontece apenas na TV Tropical. Observo o mesmo padrão nas outras emissoras locais, que, sem nenhuma excessão, atrelam o seu conteúdo aos interesses dos grupos políticos que as controlam. Por isso, é extremamente importante tratar da necessidade de democratização dos meios de comunicação. Penso que se isso não for levado em consideração, a essência desse debate vai por água abaixo.
No mesmo dia 15/07, os debatedores do "Encontro com a Notícia" aproveitaram a onda do PCC para, além do PT, destilarem seu ódio contra os movimentos socias no Brasil. Ressuscitaram os casos "Celso Daniel" e "Toninho do PT" para, nas entrelinhas, insinuar que as mortes desses dois personagens atenderiam aos interesses do partido do presidente Lula. Quase faziam como Élio Gáspari, colunista d'O Globo, que acusou Lula de ter suas impressões digitais na arma do policial que matou o brasileiro Jean Charles de Menezes em Londres.
Relembraram o caso da invasão do Congresso Nacional pelo Movimento pela Libertação dos Sem Terra (MLST), somente para dizer que quem comandou o ato foi um "dirigente da alta cúpula petista", insinuando que a confusão teria sido planejada e posta em prática pela direção do Partido dos Trabalhadores.
Essa foi a deixa para, novamente, tentar criminalizar todos aqueles que lutam pela reforma agrária no país. Claro, as cenas de violência no Congresso Nacional foram lamentáveis e injustificáveis. Mas, mais lamentável ainda foi a forma sórdida, hipócrita e covarde como esse acontecimento foi explorado por parlamentares e pela mídia, inclusive a imprensa potiguar.
A grande imprensa, assim como a imprensa local, sempre tratou os movimentos sociais como quadrilhas de criminosos, mesmo em ações pacíficas, como se a causa do surgimento dessas organizações populares não fossem legítimas. É como se dissessem (claro que não explicitamente) que pobre no Brasil não tem o direiro de se organizar.
O que deveria ser tratado como um excesso grave de um movimento social, foi tratado como "baderna", "arruaça", "bandidagem". A falta de terras para agricultores em um país onde "grileiros" possuem territórios equivalentes às dimensões de uma Holanda, é um ato de violência muito maior e cruel, incomparável ao que aconteceu no Congresso Nacional. Parece até que não há motivos para a população se revoltar.
A descontextualização dos fatos é a principal arma que a mídia (a grande indústria de manipulação das consciências, na definição de José Arbex Jr.) utiliza para passar sua mensagem à população.
Frei Betto observa que "No capitalismo, a moral predominante na sociedade é ambígua e contraditória, pois o valor maior para o sistema é a acumulação do capital. Assim, na moral desse sistema, a propriedade privada é um valor acima da existência humana (...). Maior e mais divino é o bem do povo que o bem particular, lembra São Tomás de Aquino".
Aqueles que se colocam tão ferrenhamente contrários aos movimentos sociais deveriam se pronunciar claramente se estão satisfeitos com a desigualdade social brasileira, se concordam com a concentração fundiária existente desde a época das capitanias hereditárias.
Atenciosamente,
Alisson Almeida (Estudante de Jornalismo da UFRN)".
3 comentários:
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