quarta-feira, 21 de junho de 2006

Ataques a Lula agridem a democracia e revelam desprezo pela política

Leia abaixo matéria publicada no site da Agência Carta Maior e assinada pelo jornalista Marco Aurélio Weissheimer:

Desde o início da crise política, a oposição vem elevando o tom de voz nas críticas dirigidas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rapidamente, passou-se da crítica política para os ataques pessoais.

O presidente já foi chamado de preguiçoso, beberrão e corrupto, entre outras desqualificações. Um dos principais líderes da oposição, o senador Artur Virgílio (PBSD-AM) já ameaçou bater no presidente. O senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) já expressou seu desejo de se “ver livre desta raça”, referindo-se aos partidários do PT.

Mais recentemente, o candidato a vice na chapa do candidato Gerlando Alckmin (PSDB-SP), José Jorge (PFL-PE), chamou o presidente da República de “bêbado e preguiçoso”. Conforme foi noticiado por vários meios de comunicação, PSDB e PFL elegeram esse tipo de ataque como tática para a campanha eleitoral, cabendo ao segundo o papel de desferir os ataques mais duros.
A Carta Maior ouviu um professor de Direito Constitucional e um sociólogo sobre essa tática de campanha e suas possível implicações para o sistema político do país. Para Pedro Estevam Serrano, advogado e professor de Direito Constitucional da PUC-SP, o que está sendo atacado não é propriamente a pessoa física do presidente, mas sim as instituições da República.

“Esses ataques representam um atentado contra a presidência da República e contra o Estado. É como se o PCC quisesse organizar um partido ou como se alguém quisesse organizar um partido para defender a pedofilia. O limite para essas pretensões é aquele estabelecido pelo Estado de Direito”.

Na mesma direção, Gabriel Cohn, doutor em sociologia e professor titular do Departamento de Ciências Políticas da Universidade de São Paulo (USP), diz que esse tipo de ataque pessoal, além de afrontar as instituições, manifesta profundo desprezo pela representação popular e pelo voto do povo.
“Alimentar a idéia da disputa eleitoral como um vale-tudo representa um retrocesso muito grande. É preciso falar abertamente que essa postura está ultrapassando todos os limites aceitáveis em uma democracia. Ao se fazer isso, se está reforçando a idéia que afirma que a política é uma coisa suja”, adverte o professor da USP.

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