quarta-feira, 12 de abril de 2006

Mulheres e Mercado de Trabalho

Mercado de trabalho ainda é desfavorável para a mulher

De Jacqueline Farid n'O Estado de São Paulo, hoje:

"A Síntese dos Indicadores Sociais divulgada hoje pelo IBGE mostra uma situação ainda desfavorável para as mulheres no mercado de trabalho. Em 2004, as mulheres trabalhadoras com até 4 anos de estudo recebiam, por hora, em média, 80,8% do rendimento dos homens com esse nível de escolaridade, enquanto aquelas com 12 anos ou mais de estudo recebiam 61,6% do rendimento-hora masculino.

Dentro de casa, as mulheres trabalhavam 4,4 horas a mais por dia em afazeres domésticos. A Síntese de Indicadores Sociais tem como base os dados da PNAD 2004 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e revela também que "o aumento na escolaridade feminina guarda estreita relação com as reduções nas taxas de fecundidade e de mortalidade infantil".

Em 2004, as mulheres com até 3 anos de estudo chegavam a ter, em média, mais que o dobro do número de filhos das mulheres com 8 anos ou mais de estudo. Segundo a pesquisa, a probabilidade de uma mulher com 8 anos ou mais de estudo, com dois filhos, vir a ter o terceiro era de pouco mais de 50%, ao passo que a mesma probabilidade associada a uma mulher com até 3 anos de estudo era de 90%.

Mulheres chefiando famílias

No Brasil, 29,4% dos 56,1 milhões de famílias eram chefiadas por mulheres em 2004, segundo a pesquisa do IBGE. A maior proporção dessa chefia feminina estava na faixa dos 60 anos ou mais de idade (27,4%).

A pesquisa mostra também que as famílias com chefia masculina eram diferentes daquelas chefiadas por mulheres. Quando o chefe era homem, a estrutura familiar mais freqüente era a de casais com todos os filhos menores de 14 anos (33,6%), seguida do tipo casal com todos os filhos de 14 aos ou mais de idade (21,4%).

Já no caso da chefia feminina, as estruturas predominantes eram de mães com todos os filhos de 14 anos ou mais de idade (31,4%), outros tipos de família (25,6%) e mães com todos os filhos menores de 14 anos (23,2%).

"Ou seja, a chefia feminina ocorria num ambiente doméstico sem a presença do cônjuge ou em composições familiares que podem ser formadas, por exemplo, por duas irmãs morando juntas ou pela própria pessoa morando só, entre outras", dizem os técnicos da pesquisa no documento de divulgação.

Em 2004, segundo a pesquisa, 27,0% das mulheres se declararam como pessoas de referência das famílias brasileiras e, dentre essas, 14,8% viviam com o cônjuge, "percentual expressivo, que pode estar revelando um novo padrão de responsabilidade compartilhada".

A região Nordeste foi a que apresentou o maior número de famílias chefiadas por mulheres (29,3%), destacando-se o Estado de Pernambuco com (31,6%).

Mulheres em cargos de direção

Apenas 3,9% das mulheres ocupadas estavam em cargos de direção em 2004, enquanto para os homens a proporção era de 5,5% dos ocupados, segundo a pesquisa do IBGE.

A maior proporção de mulheres em cargos de direção estava no Distrito Federal (8,0%), "resultado da elevada participação feminina no serviço público federal, onde o acesso a cargos de direção se dá de forma mais igualitária que no setor privado", segundo destacam os técnicos do instituto no documento de divulgação da pesquisa.

O levantamento do IBGE mostra também que a participação feminina em cargos de direção era maior do que os homens nas ocupações relacionadas às ciências e artes (8,6% contra 4,2%), de nível médio (7,8% contra 6,5%), serviços administrativos (11,4% contra 5,8%), serviços (31,3% contra 11,6%) e vendedores (11,6% contra 8,4%).

Além disso, as mulheres ocupadas tinham, em 2004, uma média de anos de estudo superior à dos homens ocupados tanto na área urbana (8,6 contra 7,6 anos) como na rural (4,3 frente a 3,8 anos).

"A maior escolaridade feminina era em parte reflexo de uma inserção tardia no mercado de trabalho", conclui o estudo. O levantamento mostra inda que, entre as mulheres ocupadas, o trabalho doméstico e não-remunerado (26,2%) superava o emprego formal, com carteira, (25,7%). "

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