sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

Oposição reage contra CPI das privatizações

CONGRESSO
NÃO HÁ BALAS PERDIDAS

Nasce uma CPI para investigar as privatizações na era FHC. A oposição reage e quebra os sigilos de dois amigos de Lula

No início, era a CPMI dos Correios. Criada há sete meses para investigar denúncias de corrupção dentro da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), a comissão virou campo de batalha da oposição ao governo do presidente Lula. Nela, vieram à tona as ligações entre o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza. Transformada em palanque eletrônico, a CPMI dos Correios elevou a audiência da TV Senado e se transformou em fábrica de celebridades instantâneas, surgidas basicamente das bancadas de parlamentares tucanos e pefelistas disposta a sangrar o governo Lula a cada chamada do noticiário.

Para estancar a crise política e qualificar os acusadores, o governo contra-atacou com a CPMI da Compra de Votos, que ficou conhecida pelo apelido, mais conveniente à oposição, de “CPI do Mensalão”. A idéia era investigar as denúncias relativas a pagamento de propinas a parlamentares desde 1997. A estratégia governista era resgatar o escândalo de compra de votos para a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1998, providencialmente enterrada antes de ser investigada. À época, os tucanos conseguiram evitar uma CPI e resolveram a vida com o rápido expurgo dos envolvidos, graças, ainda, ao desinteresse da mídia. Quatro meses depois de criada, a comissão naufragou na burocracia e na falta de vontade política do relator, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), ele mesmo envolvido com pagamentos do Valerioduto. Foi encerrada sem que o relatório final fosse votado.

A contrapartida da oposição foi a criação da CPI dos Bingos, no Senado, alçada rapidamente ao status de “buraco negro” de acusações contra o governo do PT: passou a absorver desde a suposta doação de dólares de Cuba para a campanha presidencial de 2002 até os assassinatos dos prefeitos petistas Celso Daniel (Santo André) e Toninho do PT (Campinas), além do caso Waldomiro Diniz – o então presidente da Loterj envolvido com um empresário do ramo dos bingos. Por conta dessa diversidade, ganhou o apelido de “CPI do Fim do Mundo”. A comissão, ainda em vigor, continua sendo uma pedra no sapato do governo. Volta e meia, é acionada para retaliar as contra-ofensivas petistas.

Assim foi, na quarta-feira 18, a decisão de quebrar os sigilos bancário, telefônico e fiscal de Paulo Okamotto, presidente nacional do Sebrae. Amigo de Lula de longa data, Okamotto admitiu ter pago dívida pessoal do presidente (R$ 29,4 mil) referente a empréstimo tomado junto ao PT. A oposição acusa o partido de ter lançado mão de recursos do fundo partidário – dinheiro público, portanto – para emprestar dinheiro para Lula, em 2004. Mesmo tratamento deverá ter o advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula, acusado de ter comandado um esquema de caixa 2 do PT nos anos 90.

A ira da oposição voltou-se aos amigos de Lula depois que, no início da semana, os governistas conseguiram emplacar, na Câmara, a CPI das Privatizações. A comissão vai investigar o processo de privatização de estatais brasileiras de 1990 a 2002. Novamente, o alvo é o governo Fernando Henrique Cardoso. No processo de privatização, o tucanato prometeu sonho e entregou pesadelo. A venda das elétricas produziu dívidas, cobertas com o dinheiro do BNDES, e o apagão. As ferrovias também foram bater às portas do banco público e dos fundos de pensão em busca de fôlego. As teles encheram a burra com tarifas altas e pouca concorrência. Produziram-se fortunas instantâneas e engordou-se o maior bicho-papão do capitalismo brasileiro, o banqueiro Daniel Dantas (reportagem na edição impressa). Quanto à promessa de redução da dívida pública, nada. Entre 1995 e 2002, ela saltou de 30% para 62% do PIB.

A instalação da comissão foi decidida pelo presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Segundo ele, não houve intenção política. “Apenas segui a ordem da fila”, garante. Apesar da chiadeira e da vingança da oposição, tudo indica que a nova comissão seguirá o destino da CPI da Compra de Votos. Mal foi anunciada, recebeu bombardeios de todos os lados, inclusive de aliados do governo.

Carta Capital

Um comentário:

Anônimo disse...

eu naõ me espanto com tantas falta de vergonha destes governantes que so governa mesmo os bolços deles propios e povo ainda votam em homens como os que ai estão nos roubam sem dô do povo isso é uma verconha de ser brasileiros ? so jesus pode salvar esse planalto que tinha que ser um lugar sagrado que tinha q ser um lugar de pessoas honesta para governar o país esta entrgue á bandidos e ladrôes do povo bobre é os homens que ai estão!!!!