quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Observatório da Imprensa publica artigo sobre concessões de TV's no RN

O site do Observatório da Imprensa publicou o artigo que escrevi sobre as concessões de TV's no RN.

Aí está o link do site: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=411IPB003

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Rodrigo Vianna desliga-se da Globo e, em e-mail a ex-colegas de redação, revela como a emissora do Jardim Botânico tentou manipular as eleições 2006

Leia a transcrição na íntegra da carta do repórter Rodrigo Vianna:
"Quando cheguei à TV Globo, em 1995, eu tinha mais cabelo, mais esperança, e também mais ilusões. Perdi boa parte do primeiro e das últimas. A esperança diminuiu, mas sobrevive. Esperança de fazer jornalismo que sirva pra transformar - ainda que de forma modesta e pontual. Infelizmente, está difícil continuar cumprindo esse compromisso aqui na Globo. Por isso, estou indo embora.

Quando entrei na TV Globo, os amigos, os antigos colegas de Faculdade, diziam: "você não vai agüentar nem um ano naquela TV que manipula eleições, fatos, cérebros". Agüentei doze anos. E vou dizer: costumava contar a meus amigos que na Globo fazíamos - sim - bom jornalismo. Havia, ao menos, um esforço nessa direção.

Na última década, em debates nas universidades, ou nas mesas de bar, a cada vez que me perguntavam sobre manipulação e controle político na Globo, eu costumava dizer: "olha, isso é coisa do passado; esse tempo ficou pra trás".

Isso não era só um discurso. Acompanhei de perto a chegada de Evandro Carlos de Andrade ao comando da TV, e a tentativa dele de profissionalizar nosso trabalho. Jornalismo comunitário, cobertura política - da qual participei de 98 a 2006. Matérias didáticas sobre o voto, sobre a democracia. Cobertura factual das eleições, debates. Pode parecer bobagem, mas tive orgulho de participar desse momento de virada no Jornalismo da Globo.

Parecia uma virada. Infelizmente, a cobertura das eleições de 2006 mostrou que eu havia me iludido. O que vivemos aqui entre setembro e outubro de 2006 não foi ficção. Aconteceu.

Pode ser que algum chefe queira fazer abaixo-assinado para provar que não aconteceu. Mas, é ruim, hem!

Intervenção minuciosa em nossos textos, trocas de palavras a mando de chefes, entrevistas de candidatos (gravadas na rua) escolhidas a dedo, à distância, por um personagem quase mítico que paira sobre a Redação: "o fulano (e vocês sabem de quem estou falando) quer esse trecho; o fulano quer que mude essa palavra no texto".

Tudo isso aconteceu. E nem foi o pior.

Na reta final do primeiro turno, os "aloprados do PT" aprontaram; e aloprados na chefia do jornalismo global botaram por terra anos de esforço para construir um novo tipo de trabalho aqui.

Ao lado de um grupo de colegas, entrei na sala de nosso chefe em São Paulo, no dia 18 de setembro, para reclamar da cobertura e pedir equilíbrio nas matérias: "por que não vamos repercutir a matéria da "Istoé", mostrando que a gênese dos sanguessugas ocorreu sob os tucanos? Por que não vamos a Piracicaba, contar quem é Abel Pereira? "

Por que isso, por que aquilo... Nenhuma resposta convincente. E uma cobertura desastrosa. Será que acharam que ninguém ia perceber?

Quando, no JN, chamavam Gedimar e Valdebran de "petistas" e, ao mesmo tempo, falavam de Abel Pereira como empresário ligado a um ex-ministro do "governo anterior", acharam que ninguém ia achar estranho?

Faltando seis dias para o primeiro turno, o "petista" Humberto Costa foi indiciado pela PF. No caso dos vampiros. O fato foi parar em manchete no JN, e isso era normal. O anormal é que, no mesmo dia, esconderam o nome de Platão, ex-assessor do ministério na época de Serra/Barjas Negri. Os chefes sabiam da existência de Platão, pediram a produtores pra checar tudo sobre ele, mas preferiram não dar. Que jornalismo é esse, que poupa e defende Platão, mas detesta Freud! Deve haver uma explicação psicanalítica para jornalismo tão seletivo!

Ah, sim, Freud. Elio Gaspari chegou a pedir desculpas em nome dos jornalistas ao tal Freud Godoy. O cara pode ter muitos pecados. Mas, o que fizemos na véspera da eleição foi incrível: matéria mostrando as "suspeitas", e apontando o dedo para a sala onde ele trabalhava, bem próximo à sala do presidente... A mensagem era clara. Mas, quando a PF concluiu que não havia nada contra ele, o principal telejornal da Globo silenciou antes da eleição.

Não vi matérias mostrando as conexões de Platão com Serra, com os tucanos.

Também não vi (antes do primeiro turno) reportagens mostrando quem era Abel Pereira, quem era Barjas Negri, e quais eram as conexões deles com PSDB. Mas vi várias matérias ressaltando os personagens petistas do escândalo. E, vejam: ninguém na Redação queria poupar os petistas (eu cobri durante meses o caso Santo André; eram matérias desfavoráveis a Lula e ao PT, nunca achei que não devêssemos fazer; seria o fim da picada...).
O que pedíamos era isonomia. Durante duas semanas, às vésperas do primeiro turno, a Globo de São Paulo designou dois repórteres para acompanhar o caso dossiê: um em São Paulo, outro em Cuiabá. Mas, nada de Piracicaba, nada de Barjas.!
Um colega nosso chegou a produzir, de forma precária, por telefone (vejam, bem, por telefone! Uma TV como a Globo fazer reportagem por telefone), reportagem com perfil do Abel. Foi editada, gerada para o Rio. Nunca foi ao ar!Os telespectadores da Globo nunca viram Serra e os tucanos entregando ambulâncias cercados pelos deputados sanguessugas. Era o que estava na tal fita do "dossiê". Outras TVs mostraram o vídeo, a internet mostrou. A Globo, não. Provava alguma coisa contra Serra? Não. Ele não era obrigado a saber das falcatruas de deputados do baixo clero. Mas, por que demos o gabinete de Freud pertinho de Lula, e não demos Serra com sanguessugas?
E o caso gravíssimo das perguntas para o Serra? Ouvi, de pelo menos 3 pessoas diretamente envolvidas com o SP-TV Segunda Edição, que as perguntas para o Serra, na entrevista ao vivo no jornal, às vésperas do primeiro turno, foram rigorosamente selecionadas. Aquele diretor (aquele, vocês sabem quem) teria mandado cortar todas as perguntas "desagradáveis". A equipe do jornal ficou atônita. Entrevistas com os outros candidatos tinham sido duras, feitas com liberdade. Com o Serra, teria havido, deliberadamente, a intenção de amaciar.
E isso era um segredo de polichinelo. Muita gente ouviu essa história pelos corredores...
E as fotos da grana dos aloprados? Tínhamos que publicar? Claro. Mas, porque não demos a história completa? Os colegas que estavam na PF naquele dia (15 de setembro), tinham a gravação, mostrando as circunstâncias em que o delegado vazara as fotos. Justiça seja feita: sei que eles (repórter e produtor) queriam dar a matéria completa - as fotos, e as circunstâncias do vazamento. Podiam até proteger a fonte, mas escancarando o que são os bastidores de uma campanha no Brasil. Isso seria fazer jornalismo, expor as entranhas do poder.
Mais uma vez, fomos seletivos: as fotos mostradas com estardalhaço. A fita do delegado, essa sumiu!
Aquele diretor, aquele que controla cada palavra dos textos de política, disse que só tomou conhecimento do conteúdo da fita no dia seguinte. Quer que a gente acredite?
Por que nunca mostraram o conteúdo da fita do delegado no JN?
O JN levou um furo, foi isso?
Um colega nosso, aqui da Globo, ouviu a fita e botou no site pessoal dele... Mas, a Globo não pôs no ar... O portal "G-1" botou na íntegra a fita do delegado, dias depois de a "CartaCapital" ter dado o caso. Era noticia? Para o portal das Organizações Globo, era.
Por que o JN não deu no dia 29 de setembro? Levou um furo?Não. Furada foi a cobertura da eleição. Infelizmente. E, pra terminar, aquele episódio lamentável do abaixo-assinado, depois das matérias da "CartaCapital". Respeito os colegas que assinaram. Alguns assinaram por medo, outros por convicção. Mas, o fato é que foi um abaixo-assinado em defesa da Globo, apresentado por chefes!

Pensem bem. Imaginem a seguinte hipótese: a revista "Quatro Rodas" dá matéria falando mal da suspensão de um carro da Volkswagen, acusando a empresa de deliberadamente não tomar conhecimento dos problemas. Aí, como resposta, os diretores da Volks têm a brilhante idéia de pedir aos metalúrgicos pra assinar um manifesto em defesa da empresa! O que vocês acham? Os metalúrgicos mandariam a direção da fábrica catar coquinho em Berlim!

Aqui, na Globo, muitos preferiram assinar. Por isso, talvez, tenhamos um metalúrgico na Presidência da República, enquanto os jornalistas ficaram falando sozinhos nessa eleição...

De resto, está difícil continuar fazendo jornalismo numa emissora que obriga repórteres a chamarem negros de "pretos e pardos". Vocês já viram isso no ar? Sinto vergonha...

A justificativa: IBGE (e, portanto, o Estado brasileiro) usa essa nomenclatura. Problema do IBGE. Eu me recuso a entrar nessa. Delegados de policia (representantes do Estado) costumavam (até bem pouco tempo) tratar companheiras (mesmo em relações estáveis) como "concubinas" ou "amásias". Nunca usamos esses termos!

Árabes que chegaram ao Brasil no início do século passado eram chamados de "turcos" pelas autoridades (o passaporte era do Império Turco Otomano, por isso a nomenclatura). Por causa disso, jornalistas deviam chamar libaneses de turcos?Daqui a pouco, a Globo vai pedir para que chamemos a Parada Gay de "Parada dos Pederastas". Francamente, não tenho mais estômago.

Mas, também, o que esperar de uma Redação que é dirigida por alguém que defende a cobertura feita pela Globo na época das Diretas?

Respeito a imensa maioria dos colegas que ficam aqui. Tenho certeza que vão continuar se esforçando pra fazer bom Jornalismo. Não será fácil a tarefa de vocês.Olhem no ar. Ouçam os comentaristas. As poucas vozes dissonantes sumiram. Franklin Martins foi afastado. Do Bom dia Brasil ao JG, temos um desfile de gente que está do mesmo lado.

Mas sabem o que me deixou preocupado mesmo? O texto do João Roberto Marinho depois das eleições.

Ele comemorou a reação (dando a entender que foi absolutamente espontânea; será que disseram isso pra ele? Será que não contaram a ele do mal-estar na Redação de São Paulo?) de jornalistas em defesa da cobertura da Globo:"(...)diante de calúnias e infâmias, reagem, não com dúvidas ou incertezas, mas com repúdio e indignação. Chamo isso de lealdade e confiança".

Entendi. Ele comemora que não haja dúvidas e incertezas... Faz sentido. Incerteza atrapalha fechamento de jornal. Incerteza e dúvida são palavras terríveis. Devem ser banidas. Como qualquer um que diga que há racismo - sim - no Brasil. E vejam o vocabulário: "lealdade e confiança". Organizações ainda hoje bem populares na Itália costumam usar esse jargão da "lealdade".

Caro João, você talvez nem saiba direito quem eu sou.

Mas, gostaria de dizer a você que lealdade devemos ter com princípios, e com a sociedade. A Globo, infelizmente, não foi "leal" com o público. Nem com os jornalistas.Vai pagar o preço por isso. É saudável que pague. Em nome da democracia!

João, da família Marinho, disse mais no brilhante comunicado interno:"Pude ter certeza absoluta de que os colaboradores da Rede Globo sabem que podem e devem discordar das decisões editoriais no trabalho cotidiano que levam à feitura de nossos telejornais, porque o bom jornalismo é sempre resultado de muitas cabeças pensando".
Caro João, em que planeta você vive? Várias cabeças? Nunca, nem na ditadura (dizem-me os companheiros mais antigos) tivemos na Globo um jornalismo tão centralizado, a tal ponto que os repórteres trabalham mais como bonecos de ventríloquos, especialmente na cobertura política!Cumpro agora um dever de lealdade: informo-lhe que, passadas as eleições, quem discordou da linha editorial da casa foi posto na "geladeira". Foi lamentável, caro João. Você devia saber como anda o ânimo da Redação - especialmente em São Paulo.

Boa parte dos seus "colaboradores" (você, João, aprendeu direitinho o vocabulário ideológico dos consultores e tecnocratas - "colaboradores", essa é boa... Eu não sou colaborador, coisa nenhuma! Sou jornalista!) está triste e ressabiada com o que se passou.

Mas isso tudo tem pouca importância.

Grave mesmo é a tela da Globo - no Jornalismo, especialmente - não refletir a diversidade social e política brasileira. Nos anos 90, houve um ensaio, um movimento em direção à pluralidade. Já abortado. Será que a opção é consciente?Isso me lembra a Igreja Católica, que sob Ratzinger preferiu expurgar o braço progressista. Fez uma opção deliberada: preferiram ficar menores, porém mais coesos ideologicamente. Foi essa a opção de Ratzinger. Será essa a opção dos Marinho?

Depois, não sabem por que os protestantes crescem...

Eu, que não sou católico nem protestante, fico apenas preocupado por ver uma concessão pública ser usada dessa maneira!

Mas essa é também uma carta de despedida, sentimental.

Por isso, peço licença pra falar de lembranças pessoais.

Foram quase doze anos de Globo.

Quando entrei na TV, em 95, lá na antiga sede da praça Marechal, havia a Toninha - nossa mendiga de estimação, debaixo do viaduto. Os berros que ela dava em frente à entrada da TV traziam uma dimensão humana ao ambiente, lembravam-nos da fragilidade de todos nós, de como nossa razão pode ser frágil.Havia o João Paulada - o faz-tudo da Redação.

Havia a moça do cafezinho (feito no coador, e entregue em garrafas térmicas), a tia dos doces...

Era um ambiente mais caseiro, menos pomposo. Hoje, na hora de dizer tchau, sinto saudade de tudo aquilo.

Havia bares sujos, pessoas simples circulando em volta de todos nós - nas ruas, no Metrô, na padaria.

Todos, do apresentador ao contínuo, tinham que entrar a pé na Redação. Estacionamentos eram externos (não havia "vallet park", nem catraca eletrônica). A caminhada pelas calçadas do centro da cidade obrigava-nos a um salutar contato com a desigualdade brasileira.

Hoje, quando olho pra nossa Redação aqui na Berrini, tenho a impressão que estou numa agência de publicidade. Ambiente asséptico, higienizado. Confortável, é verdade. Mas triste, quase desumano.

Mas há as pessoas. Essas valem a pena.

Pra quem conseguiu chegar até o fim dessa longa carta, preciso dizer duas coisas...

1) Sinto-me aliviado por ficar longe de determinados personagens, pretensiosos e arrogantes, que exigem "lealdade"; parecem "poderosos chefões" falando com seus seguidores... Se depender de mim, como aconteceu na eleição, vão ficar falando sozinhos.

2) Mas, de meus colegas, da imensa maioria, vou sentir saudades.Saudades das equipes na rua - UPJs que foram professores; cinegrafistas que foram companheiros; esses sim (todos) leais ao Jornalismo.

Saudades dos editores - que tiveram paciência com esse repórter aflito e procuraram ser leais às minúcias factuais.

Saudades dos produtores e dos chefes de reportagem - acho que fui leal com as pautas de vocês e (bem menos) com os horários!

Saudades de cada companheiro do apoio e da técnica - sempre leais.

Saudades especialmente, das grandes matérias no Globo Repórter - com aquela equipe de mestres (no Rio e em São Paulo) que aos poucos vai se desmontando, sem lealdade nem respeito com quem fez história (mas há bravos resistentes ainda).

Bem, pelo tom um tanto ácido dessa carta pode não parecer. Mas levo muita coisa boa daqui.

Perdi cabelos e ilusões. Mas, não a esperança.

Um beijo a todos.
Rodrigo Vianna. "
E agora, José? Quando se falava que a mídia, especialmente a Globo, arquitetava um "golpe branco" nos bastidores, logo vinham as "vozes da razão" dizendo que isso era mania de perseguição, "teoria da conspiração" inventada para que a população não acreditasse nas denúncias que a mídia repercutia contra o Governo Lula. Agora, Rodrigo Vianna botou a boca no trombone e todos ficamos sabendo como as coisas de fato acontecem por lá. É claro que vão tentar desqualificar o que ele disse, sob o pretexto de que a carta só foi escrita após o repórter saber que sairia da emissora.Vão querer tapar o sol com a peneira. Mas não adianta. A farsa midiática veio à tona. Mas ainda há muita coisa que precisa ser desmascarada na mídia, a grande "indústria de manipulação das consciências", nas palavras de José Arbex Jr. Aos que não acreditam, continuem lendo Veja e Diogo Mainardi.

sábado, 9 de dezembro de 2006

A caixa-preta da televisão brasileira

Vivemos mesmo no país do faz de conta. As leis existem, mas sempre há um espertinho de plantão que escorrega pela tangente e consegue burlar as normas vigentes. Na quarta-feira, 7 de dezembro, Ricardo Noblat publicou em seu blog que 31 dos 51 deputados federais investigados sob acusação de serem donos de emissoras de rádio e TV foram reeleitos.

A questão das concessões de rádio e televisão é um tabu que ilustra na medida certa o faz de conta encenado cotidianamente no Brasil.

A Constituição brasileira proíbe que políticos sejam concessionários de emissoras de rádios e TV’s. Mas até mesmo as paredes do Ministério das Comunicações em Brasília sabem que o que mais há em solo tupiniquim é político com emissora de rádio e televisão. E aí, cara pálida?

No Rio Grande do Norte, todas emissoras locais de TV estão nas mãos de políticos. A Intertv Cabugi, retransmissora da TV Globo, pertence à família do senador Garibaldi Alves Filho (PMDB) e do deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB).

A TV Ponta Negra, retransmissora do SBT, é propriedade da família da vice-prefeita de Natal e deputada estadual eleita Micarla de Souza (PV-RN), filha do falecido Carlos Alberto de Souza, ex-senador potiguar – fundador do Sistema Ponta Negra de Comunicação.

A TV Tropical, retransmissora da Rede Record, é do senador José Agripino Maia (PFL-RN), candidato à Presidência do Senado, que nos últimos quatro anos ficou conhecido nacionalmente como paladino defensor da moral e da ética na política brasileira.

Ainda há a TV Potengi, retransmissora da TV Bandeirantes, que é controlada pelo ex-senador Geraldo Melo (PSDB-RN).

Para mim, o caso da TV Tropical é o mais emblemático. Todos ali trabalham para satisfazer a vontade do chefe (Agripino). Diariamente, os discursos que o senador profere em Brasília são transmitidos na íntegra em pelo menos um dos telejornais da sua emissora.

Em julho deste ano, enviei e-mail à TV Tropical para protestar contra o desvirtuamento no uso de uma concessão pública de televisão, caracterizado pela transmissão dos referidos discursos, que sempre se destinaram a cumprir fins eleitoreiros.

Reproduzo aqui um trecho do e-mail: “Considero que as questões sobre a linha editorial política da TV Tropical são muito importantes para entendermos o que há por trás da notícia que o referido veículo leva ao cidadão. Principalmente, repito, pelo fato de se tratar de uma concessão pública, que deveria ter em conta o interesse público. A transmissão quase diária dos pronunciamentos do proprietário da TV e senador José Agripino serve ao interesse de quem? Como observa a professora da USP e filósofa Marilena Chauí, estamos nos movendo num campo público de interesses, mas que é regido por interesses privados e políticos.

O cidadão comum tem que ficar em casa resignado e mudo, pois não tem como manifestar sua insatisfação com o tratamento que os grandes veículos de comunicação dão aos fatos (quando há fatos). Isso, obviamente, não acontece apenas na TV Tropical. Observo o mesmo padrão nas outras emissoras locais, que, sem nenhuma exceção, atrelam o seu conteúdo aos interesses dos grupos políticos que as controlam. Por isso, é extremamente importante tratar da necessidade de democratização dos meios de comunicação. Penso que se isso não for levado em consideração, a essência desse debate vai por água abaixo”.

Recebi uma promessa de que meus argumentos seriam levados a público, mas ficou só na promessa mesmo. Nenhum político toca nesse assunto porque isso representaria a perda de um poder que ninguém abre mão.

Experimente perguntar ao senador Agripino quando é que vence a concessão da sua TV Tropical. Aliás, tente ao menos saber no nome de quem está o contrato. Caso esteja no nome do senador, trata-se de um crime. Caso esteja no nome de outra pessoa qualquer, trata-se de um engodo para driblar a lei. O dono da TV Tropical é José Agripino.

O pior é que não há nenhum sinal de que isso irá mudar. Na terça-feira, 6 de dezembro, a Câmara Federal aprovou a outorga e a renovação das concessões de 58 emissoras de rádio e TV comerciais e de 77 educativas ou comunitárias. A votação foi feita em bloco - 135 processos foram chancelados de uma só vez. Não se sabe quem são os titulares dessas concessões. A caixa-preta da televisão brasileira continua inviolável!

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

61% da bancada investigada por controlar emissoras se reelege

Posto aqui notícia da quarta-feira 07/12, que vi no blog do Noblat. Estou preparando um artigo sobre o assunto para breve. Segue a notícia:
"Nas eleições deste ano, conseguiram se reeleger 31 dos 51 deputados federais investigados sob acusação de serem donos de emissoras de rádio e TV. Onze deles ficaram entre os cinco mais votados em seus Estados. O índice de reeleição entre os proprietários de meios de comunicação eletrônicos, que atingiu 61%, foi muito superior ao geral da Câmara, de 51% - indicação de que ter emissora pode significar vantagem eleitoral."

"A Câmara aprovou a outorga e a renovação das concessões de 58 emissoras de rádio e TV comerciais e de 77 educativas ou comunitárias. A votação foi feita em bloco - 135 processos foram chancelados de uma só vez. Deputados reclamam que nem o relator tem acesso a informações sobre o titular da concessão; não dá para saber se pertence a um parlamentar ou se cumpre as obrigações trabalhistas, por exemplo. Os processos são instruídos apenas por um relatório do Ministério das Comunicações."

Número de jornalistas presos é recorde

Da Folha de S.Paulo, hoje:
"O número de jornalistas presos em todo mundo em razão de seu trabalho aumentou pelo segundo ano consecutivo, afirmou ontem a ONG americana Comitê de Proteção a Jornalistas. Segundo o levantamento, 134 jornalistas estavam presos no dia 1º de dezembro -nove a mais do que em 2005 -em 24 países. Bloggers e repórteres on-line são um terço do total. Os quatro países que mais prendem jornalistas são China, Cuba, Eritréia e Etiópia."

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Frase do dia

"Bancada é fim de carreira", diz Ana Paula Padrão"

A essência do jornalismo é a reportagem. No Brasil há uma inversão, uma glamurização da bancada, mas ela é vista em muitos lugares como fim de carreira", disse ontem Ana Paula Padrão em entrevista coletiva para anunciar sua saída do "SBT Brasil". Alguns ficaram incomodados no SBT com o comentário dela. Ana Paula também admitiu que ficou frustada com as mudanças de horário de seu telejornal.
Folha

terça-feira, 21 de novembro de 2006

O negro e o pedestre

De Clovis Rossi na Folha de S.Paulo, domingo, 19/11/2006:


"Fui quase a vida toda como 90% (ou mais?) dos motoristas brasileiros. Via no pedestre um estorvo a ser ultrapassado, jamais um ser com direitos até maiores, por estar "desarmado".


Só depois de dirigir umas quantas vezes na Europa, comecei a mudar (menos do que deveria, mas mudar, de todo modo). Lá, o rei é o pedestre. E o é menos por coerção legal ou policial e mais por imposição social. Lá, o motorista corre o risco de ser linchado (no mínimo, no mínimo, com um olhar, um palavrão ou um gesto tão eloqüente que dispensa palavras) se desrespeitar o direito de o pedestre cruzar primeiro a rua. Aqui, é o pedestre que corre o risco de ser atropelado se desafiar o motorizado.


Depois de dirigir na Europa, pavloviano como sou, passei a aplicar aqui as regras de lá. O resultado é absurdamente surpreendente: cansei de receber mesuras exageradas de agradecimento, sempre que deixava um pedestre cruzar tranqüilamente a rua. Fica claro que o pedestre brasileiro acha que eu estou fazendo um favor a ele, em vez de estar simplesmente respeitando um direito dele. Afinal, a faixa é "de pedestre", não de motorista, certo?


Dá a nítida sensação de que a coerção social, aqui, é a inversa: quem pode faz o que bem entende; quem não pode agradece quando o que pode faz o que deveria ser obrigação básica de civilidade. O direito vira concessão.


Conto tudo isso porque desconfio que é essa inversão a responsável, ao menos em parte, pela constatação feita na manchete de ontem desta Folha, segundo a qual a distância salarial entre brancos e negros é tanto maior quanto maior o nível de escolarização.


Ou seja, a "elite branca e má" (conforme Cláudio Lembo) atropela o "pedestre" até quando ele trafega na sua faixa (de escolaridade). Mais que preconceito, são vícios culturais arraigados."

Cresce número de negros nas universidades

De 1995 a 2005, percentual de negros e pardos no ensino superior aumentou de 18% para 30%, revela pesquisa do IBGE.


Inclusão foi maior a partir de 2001. Nos últimos cinco anos, entraram mais negros que brancos na rede pública; eqüidade chegará em 2015.

De ANTÔNIO GOIS na Folha de S.Paulo, segunda-feira, 20 de novembro:


"A desigualdade no acesso à educação entre negros e brancos no Brasil já foi comparada ao eletrocardiograma de um morto. Parecia imutável, dada a distância quase intransponível que separava esses dois grupos ao longo de quase um século. A mais recente Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE revela, no entanto, um dado alentador: na última década, o percentual de brasileiros que se declaram negros ou pardos no ensino superior subiu de 18% para 30%.


Dados dessa pesquisa tabulados pela Folha mostram que esse crescimento aconteceu principalmente a partir de 2001, quando o percentual era de 22%. De lá até 2005, a participação de negros e pardos cresceu a um ritmo médio de dois pontos percentuais ao ano. Se continuar assim, o Brasil chegará a 2015 com uma participação desses grupos na universidade compatível com a presença deles na população, que hoje é de 49%. Para um país em que até bem pouco tempo não via luz no fim desse túnel, não é pouca coisa.


O crescimento aconteceu tanto na rede pública quanto na particular. Ainda que tenha sido maior nesta última, na pública foi verificado um dado significativo: de 2001 a 2005, entraram mais negros e pardos (125 mil novos alunos) do que brancos (72 mil).Três hipóteses podem ser apontadas para explicar o aumento. A primeira é que, nos últimos dez anos, o sistema de ensino superior cresceu 174%.


A segunda é que foi a partir de 2001, ano da Conferência das Nações Unidas contra o Racismo, que universidades públicas, por iniciativa própria ou de governos estaduais, passaram a adotar políticas de ações afirmativas. Por último, desde 2005, o governo oferece bolsas em particulares preferencialmente para negros via ProUni.


Na avaliação de Simon Schwartzman, ex-presidente do IBGE e presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, o fator que mais contribuiu foi o crescimento das matrículas. Ele lembra que isso ocorreu também no ensino médio. Com isso, mais alunos se tornaram aptos a disputar mais vagas oferecidas principalmente pelo setor privado.


Para ele, as cotas explicam pouco a inclusão porque o ensino superior incorporaria esses alunos mesmo sem elas.


O economista da UFRJ Marcelo Paixão, coordenador do Observatório Afro-Brasileiro, concorda que a expansão das matrículas em todo os níveis foi fundamental. Ele discorda de Schwartzman, no entanto, ao defender que as políticas de ação afirmativas de cunho racial continuam sendo necessárias."Os dados da Pnad não permitem que a gente verifique como está a participação dos negros em cada curso, mas sabemos que há uma diferença enorme no acesso aos mais concorridos", diz Paixão.


De fato, pela Pnad não é possível verificar a participação em cada curso, mas isso pode ser avaliado pelo questionário socioeconômico do provão e de seu substituto, o Enade.Em 2003, esses dados mostravam que nos cursos de matemática, letras, pedagogia, história e geografia, o percentual de concluintes negros e pardos era sempre superior a 30%, chegando a 40% nesses dois últimos. No outro extremo, essa proporção era sempre inferior a 16% nas carreiras de direito, medicina, engenharia mecânica, odontologia e arquitetura, sendo o menor percentual nesta última (11%)."

No editorial da Folha de S.Paulo de hoje (21/11), o jornal manifesta aprovação às políticas afirmativas, mas condena as cotas. Segundo a Folha, as cotas raciais reforçam o preconceito e desconsideram o mérito acadêmico. A Folha defende políticas afirmativas focadas na desigualdade social, não racial.

A Folha desconsidera que os mais atingidos pela desiguldade social são justamente os negros.

Aqui mesmo em Natal, o Cefet já adota a política de reservar 5o% das vagas para alunos egressos de escolas públicas - que são, na sua maioria, negros, mulatos e mestiços.

Nada mais justo, tendo em vista que a maioria dessas vagas sempre ficava com aqueles que podiam pagar escolas particulares.

Parada Negra reúne 12 mil em São Paulo

De AFRA BALAZINA na Folha de S.Paulo, hoje:

"Uma parada e uma marcha reuniram ontem à tarde cerca de 12 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, em comemoração do Dia da Consciência Negra, em São Paulo. A concentração foi no vão livre do Masp, e os manifestantes percorreram parte das avenidas Paulista e Brigadeiro Luís Antonio. A mobilização acabou na Assembléia Legislativa após cerca de duas horas de caminhada.Em 2005, não houve parada, e a marcha reuniu cerca de 1.500 pessoas. As organizações da Parada e da Marcha Negra disseram acreditar que 25 mil pessoas tenham participado da ação neste ano. A expectativa inicial era reunir 10 mil manifestantes. "Queremos mostrar que o povo negro de São Paulo não aceita mais discriminação racial", disse Dojival Vieira, do Movimento Brasil Afirmativo.
Na opinião de Flávio Jorge Rodrigues da Silva, da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), a meta foi atingida. "Em razão do feriado, conseguimos trazer mais do que os militantes do movimento negro. Trouxemos as famílias, os vizinhos", afirmou.O feriado ocorreu também em outras 11 cidades do Estado de São Paulo e em mais 219 municípios brasileiros.
O dia é uma homenagem a um dos símbolos da resistência negra no país: Zumbi de Palmares. Em 20 de novembro de 1695, o líder do quilombo foi assassinado.
Entre as reivindicações do grupo estão a melhoria da escola pública e a adoção de cotas para negros em universidades, além da votação do Estatuto da Igualdade Racial.
O corredor Oscar de Moraes, conselheiro do parque da Independência, foi do Ipiranga (zona sul) à Paulista correndo. Depois, enquanto os manifestantes caminhavam, ele trotava na frente. "Fiz esse esforço para prestigiar a união do povo negro", disse.
À frente da marcha havia mulheres vestidas como baianas. Pequenos grupos tocavam instrumentos, jogavam capoeira e dançavam.
Conscientização
Foi a primeira vez que Célia Cipriano, proprietária de um escritório de contabilidade, integrou a marcha. "Acho que é importante para conscientizar a nós mesmos [negros] de que precisamos sempre lutar e não desistir nunca", afirmou.Paulistanos de diversas raças, além de estrangeiros, engrossaram a marcha.
"Vim prestar uma homenagem porque só tenho a agradecer à cultura negra", disse o produtor editorial Matias Constantino de Oliveira, 22, que é branco. "Sempre fui a favor do movimento negro. Resolvi aderir", disse a dona-de-casa Odelma Pereira da Silva, 59, também branca.
Emir Mourad, da Confederação Árabe Palestina, compareceu. "Somos contra qualquer forma de preconceito racial e étnico e queremos prestar solidariedade à população negra."Até a holandesa Marianne Jansen acompanhou a marcha. "Não temos esse tipo de manifestação em meu país. Um amigo brasileiro me trouxe e achei muito bonito", disse."

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

EUA ameaçam a Nicarágua

A eleição de Daniel Ortega para presidente da Nicarágua está tirando o sono de George W. Bush. O "Senhor da Guerra" já mandou avisar que se Ortega for mesmo eleito, os EUA adotarão retaliações duras.

Muito interessante esta forma americana de patrocinar a democracia no mundo.

Invadem o Afeganistão sob o pretexto de libertar o país do regime talibã e promover a democracia.

Depois, resolvem premiar o Iraque com uma invasão. E pra quê? Claro, pra instaurar a democracia, derrubando o ditador Sadam Russein do poder.

Mas também atuaram pra derrubar Hugo Chavez, eleito democraticamente, na Venezuela.

E agora, prometem agir contra a Nicarágua, caso o povo daquele país decida eleger Ortega.

Viva a democracia americana!

Por quê será que é tão difícil pra Washington conviver com sistemas de governos diferentes da cartilha americana?

quarta-feira, 1 de novembro de 2006

A raiva do PT contra a mídia

Artido de Gilberto Dimenstein na Folha Online:


"Lula eleito, militantes do PT apontaram, esfuziantes, que os meios de comunicação estavam entre os derrotados; alguns deles chegaram mesmo a hostilizar raivosamente os jornalistas. Refletem as reclamações de Lula e de muitos de seus assessores. Interessante essa manifestação: tantos anos depois de neutralizados os militares, ainda não se tem claro, em vários setores, o papel da imprensa. O que só revela um cacoete autoritário.
Não vou negar que algumas reportagens e mesmo veículos de comunicação cometeram erros e exageros. Mas, no geral, os jornalistas fizeram o que tinham mesmo de fazer: vasculhar e incomodar o poder. E o fato é que o PT deu motivos de sobras para ser vasculhado na questão ética e administrativa.
Na oposição, o PT foi um beneficiário dessa atitude dos meios de comunicação. Muitos de seus dirigentes, a começar de Lula, estavam sempre à frente dos ataques contra os deslizes e roubalheiras. O PT cresceu, entre outras razões, porque vendeu a imagem (até certo ponto correta, vamos reconhecer) de limpeza, mas depois, no poder, não soube separar o público do privado.
É fundamental que os dirigentes do partido e seus representantes do governo sejam responsáveis e não permitam que se desmoralize ou se afete a importância da liberdade de imprensa."

terça-feira, 31 de outubro de 2006

A VITÓRIA DE LULA FOI IDEOLÓGICA

Artigo de Paulo Henrique Amorim no site Conversa Afiada:


". A vitória de Lula foi uma vitória ideológica. Assim como muita gente tem medo de usar a palavra “impeachment” quando quer o “impeachment”, muita gente está com medo de usar a palavra “ideologia”, que também começa com “i” e nele se pode botar um pingo.
. Pela primeira vez na historia do ciclo “pós militar”, a ideologia trabalhista venceu a ideologia conservadora de forma clara e, como diz o New York Times, de forma “esmagadora” (como é chic citar o New York Times...).
. Lula chega ao segundo mandato muito mais forte do que chegou ao primeiro.
. E chega com uma vitória claramente pela esquerda: com a opção preferencial pelos pobres.
(Não fosse ele um bom católico).
. No segundo turno, Lula levou a discussão para a esquerda e empunhou uma bandeira típica da esquerda brasileira, do getulismo, do brizolismo: a do combate à privatização.
. Como diria a professora Marilena Chauí, Lula se lembrou que é de esquerda.
. Na batalha universal entre trabalhistas e conservadores – e essa é uma mudança na qualidade da política brasileira – e mudança para melhor – na batalha universal entre direita e esquerda, ganhou a esquerda.
. E FHC, se calçasse as sandálias da humildade, deveria ir pra casa e perguntar: como é que eu faço para o meu “pólo de poder” se aproximar do povo?
. O PSDB se tornou um fenômeno paulista.
. O PSDB de São Paulo está isolado ideologicamente. E geograficamente.
. São Paulo precisa voltar para dentro do Brasil.
. O PSDB não existe no Rio nem no Nordeste.
. O PSDB precisa voltar a entender de Brasil, fora de São Paulo.
. Aécio Neves não é o PSDB de São Paulo. Ele sabe que se cair na armadilha da UDN de São Paulo, não chega a Presidente nunca.
. Yeda Crusius não tem saída: ou ela se entende com o Governo Lula, ou o Rio Grande do Sul não sai da crise econômica. E ela faz um Governo igual ao de Rigotto, que nem foi para o segundo turno.
. Ou o PSDB entende que os freqüentadores da Praça Buenos Aires não são o povo brasileiro ou vai virar o PFDB, como diz o Maurício Dias, e não passa dos 39%."

Thaisa Galvão faz sucesso com blog jornalístico

O blog da jornalista Thaisa Galvão virou uma verdadeira febre. Na região do Auto-Oeste, o blog é a principal fonte de informação sobre a política do RN.
No último sábado 28, quase 7 da noite, desembarco na rodoviária de Pau dos Ferros, vindo de Mossoró, para esperar o ônibus que me levaria para Alexandria. Alguns passageiros assistiam a novela das 7 enquanto esperavam a sua vez de embarcar. Foi quando caiu a ficha e percebi que a InterTV Cabugi havia voltado ao ar, depois de cumprir a determinação da Justiça Eleitoral e ficar 24 horas sem transmitir sua programação.
Pergunto ao senhor que trabalha na rodoviária sobre a divulgação da última pesquisa Ibope para o Governo do RN. Ele informa que o RN TV 2ª Edição havia divulgado o resultado, mas que desde às 4 da tarde já conhecia os números através do blog de Thaisa Galvão.
Prontamente, o senhor passa às minhas mãos a nota impressa sobre a pesquisa que Thaisa havia postado em seu blog. Mostrava o papel a quem se aproximasse.
Thaisa Galvão tem pautado todas as conversas sobre política nas rodas do interior do RN, principalmente pelas bandas da tromba do elefante.

Frase do dia

"Poucos jornalistas conseguem manter o sentimento de solidariedade com o povo brasileiro"
(Mauro Santayana, jornalista que foi colaborador do presidente Tancredo Neves, em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta terça-feira, dia 31, no Conversa Afiada).

Ciro Gomes fala sobre Mídia

CIRO: "É PRECISO DEMOCRATIZAR A MÍDIA"
Tema pouco discutido na recente campanha presidencial, a democratização dos meios de comunicação é fundamental para avançar na construção de um país mais justo para todos, porque o direito à informação é condição primordial para o exercício pleno da cidadania.
Em entrevista ao jornalista Paulo Henrique Amorim no site Conversa Afiada, o ex-ministro e deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) falou sobre este assunto e destacou a necessidade urgente de se democratizar a nossa mídia. Ciro disse que este é um dos desafios do segundo mandato do presidente Lula. “Não temos que ter medo de avançar na questão da democratização dos meios de comunicação do Brasil”, disse Ciro Gomes.
De acordo com o relato de Paulo Henrique Amorim, Ciro Gomes considera que o presidente Lula deve ter um contato mais próximo com a imprensa e com os jornalistas. “O presidente Lula, de seu lado, deve falar mais com a sociedade brasileira através da mídia”, defendeu Gomes. Ainda segundo Amorim, Ciro Gomes disse também que é preciso fortalecer os meios de comunicação alternativos e as cooperativas de jornalistas.
A entrevista completa pode ser lida no Conversa Afiada do IG.

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Verdades Capitais

Para o julgamento dos leitores, pergunto: é invenção de CartaCapital que 70% das ambulâncias da Planam foram liberadas durante o governo FHC, quando os ministros da Saúde foram primeiro José Serra, depois Barjas Negri? É invenção de CartaCapital que o JN não destacou um único, escasso repórter para investigar as relações entre Abel Pereira e Barjas Negri? E é invenção de CartaCapital que o JN produziu uma reportagem sobre Abel Pereira, chegou a ser editada, mas nunca foi ao ar? E é invenção de CartaCapital que várias rádios e o Jornal da Band noticiaram o acidente com o avião da GOL antes do JN, pronto a adiar a informação para potencializar, digamos assim, a exibição do dinheiro sabiamente empilhado pelo delegado Bruno? E é invenção de CartaCapital que este lance global foi decisivo para o resultado eleitoral do primeiro turno?

(Transcrito do blog de Mino Carta)

Ameaça de Golpe Branco

De Janio de Freitas na Folha de S.Paulo, hoje:
"A simultaniedade de eleição presidencial e caso dossiê trouxe de volta uma idéia que muitos diziam para sempre extinta na vida política brasileira. Não importa que esteja restrita a uma parte das eminências do PSDB, como a um pequeno grupo pefelista, e aparentemente a um ou outro meio de comunicação. Nem faz diferença que se apresente como um recurso de ordem judicial, amparado em preceitos legais. Nas circunstâncias em que se apresenta, a pretensão de impeachment de Lula, mesmo no decorrer do previsto segundo mandato, disfarça mal a idéia de um golpe branco.

É possível argumentar que as ações judiciais já entradas contra Lula nasceram das ocorrências do dossiê, e não do propósito de afastá-lo da Presidência. Os contra-argumentos não são escassos. A começar de que a idéia de impeachment emergiu, inclusive publicamente, antes de haver qualquer indício de comprometimento direto de Lula ou mesmo indireto, do seu gabinete, na história ainda inconvincente do dossiê.

O que Tasso Jereissati, Jorge Bornhausen, Fernando Henrique Cardoso e Geraldo Alckmin apresentam como comprometimento são adulterações de certos fatos ou ficções de sua autoria. Como dizer, por exemplo, que se "o chefe-de-gabinete da Presidência telefonou a Jorge Lorenzetti para saber de informações, Lula sabia de tudo" (Tasso Jereissati, mas não só ele). Se ligou para saber do que se tratava, até prova em contrário, é porque nenhum dos dois sabia."
Transcrito do Blog do Noblat

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Bolsa Família

Ministro quer Bolsa Família maior em 2º governo Lula

Responsável por parte importante da votação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno, o programa Bolsa Família deve receber mais recursos num segundo governo Lula, para aumentar os valores pagos, embora não haja previsão no Orçamento de 2007.
O programa transfere a 11,1 milhões de famílias uma renda média mensal de 65 reais, valor que o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, quer reajustar. O Bolsa Família atendia 3,6 milhões de famílias em 2003, com orçamento de 3,6 bilhões de reais, e custará, em 2006, 8,2 bilhões de reais.

"Além de matar a fome, o programa ajuda a dinamizar a economia interna, forma consumidores, o que deve ser mantido preservando-se o poder de compra dos atendidos", disse Patrus à Reuters.

Este ano, houve um reajuste na base de entrada do programa, que atendia famílias com renda per capita menor que 50 reais/mês e até 100 reais. A base passou para 60 a 120 reais/mês.
Um reajuste de benefícios nessa proporção custaria cerca de 1,5 bilhão de reais, concorrendo com gastos em infra-estrutura.

Lula ainda não decidiu como fazer o reajuste --previsto no programa do PT-- nem tocou no assunto numa campanha em que adversários o acusam de criar gastos sem sustentação fiscal.
"O desafio é manter e ampliar o Bolsa Família dentro do equilíbrio fiscal, sem indexá-lo à inflação", disse Patrus, lembrando que até o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, está prometendo "manter e melhorar" o maior programa social de Lula.

"Alckmin não tem credibilidade para fazer essa promessa, porque a prática do PSDB, no governo Fernando Henrique, foi terceirizar as políticas sociais, da mesma forma como privatizou as empresas públicas", criticou Patrus.

"CORONELISMO"

O Bolsa Família concentra 49,2 por cento de atendimentos no Nordeste, a região mais pobre do país, onde Lula obteve 66,8 por cento dos votos no primeiro turno. Em 345 municípios nordestinos, o programa representa 45 por cento de toda renda disponível, segundo a economista Rosa Maria Marques (PUC-SP).

Lula perdeu para Alckmin, em 1o de outubro, em oito dos dez Estados com mais alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH, medido pela Organização das Nações Unidas) e venceu o tucano em nove dos dez Estados com menor IDH.

O líder da minoria na Câmara dos Deputados, José Carlos Aleluia (PFL-BA), acusou o governo de criar, com o cartão eletrônico do Bolsa Família, um "coronelismo digital" para ganhar votos dos pobres.

"Ao contrário: a miséria sempre foi um fator de corrupção eleitoral no Brasil e nós acabamos com isso", rebateu Patrus em seu apartamento de classe média em Belo Horizonte. "Acabou o tempo em que tomavam voto do pobre em troca de prato de comida."

O Bolsa Família foi alvo de denúncias de cadastramento ilegal e de pagamento de benefícios sem cumprimento de contrapartidas (frequência escolar e comparecimento a postos de saúde).

Patrus argumenta que os critérios de acesso são públicos, que há fiscalização do Ministério Público dos Estados e que 5.562 prefeituras de todos os partidos cadastram os atendidos.

"Ninguém vota no Lula ou em outro por medo de sair do programa nem com promessa de entrar; essa é a grande conquista", afirmou. "Aliás, Alckmin está mal informado quando promete transformar o Bolsa Família em lei. Nós já aprovamos no Congresso a Lei Orgânica de Segurança Alimentar."

"TERCEIRIZAÇÃO"

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem dito que o Bolsa Família não passa de ampliação do Bolsa Escola e outros programas, que em 2003 consumiam 2,7 bilhões de reais.

"O Comunidade Solidária (programa de FHC) fracassou porque era um regresso ao século 19, à filantropia", afirmou Patrus. "Eles transferiram a questão dos pobres para a sociedade resolver e nós achamos que protegê-los é dever do Estado, ainda que em forte parceria com a sociedade."

Segundo Patrus, o programa investirá mais em portas de saída: agricultura, geração de renda e, nas metrópoles, projeto de formação profissional com 400 milhões de dólares do BID.

Ele nega que o programa seja meramente assistencialista.

"Esse preconceito reflete um pensamento perverso de parte das elites: a idéia de que os pobres são incapazes e não querem melhorar de vida", afirmou o ministro. "O que no fundo elas temem é que, a partir do patamar alcançado com o Bolsa Família, os pobres vão querer mais. E eles vão querer."

Ex-prefeito de Belo Horizonte (1993-97) e deputado mais votado de Minas Gerais (520 mil votos em 2002), Patrus Ananias, 54 anos, é um advogado trabalhista ligado fortemente à Igreja Católica.

Lula nomeou Patrus em 2004, para garantir o compromisso de que todos no país fariam três refeições ao dia. Naquela altura, as metas de combate à fome patinavam entre três estruturas concorrentes, que o ministro unificou.

"Com 11 milhões de famílias, alcançamos o universo de pobres indicado pelo IBGE em 2004, exceto alguns em locais de mais difícil acesso", calculou Patrus.

Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, a pobreza no Brasil caiu a seu menor patamar em 2005. Há 5,3 por cento de pessoas vivendo com menos de um dólar por dia. Eram 35 por cento em 1992.

Em 2005, Lula recebeu um prêmio da FAO, agência de agricultura e alimentação da Organização das Nações Unidas, por suas políticas contra fome e pobreza. O Banco Mundial escolheu o Bolsa Família como modelo para outros países da América Latina, Ásia e África.
Último Segundo (IG)

O Baú de Vedoin

De Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada, hoje:

"NO BAÚ DE VEDOIN, 70% SÃO DE SERRA E NEGRI

O empresário Abel Pereira informou à Polícia Federal em Cuiabá que os Vedoin lhe ofereceram um dossiê contra Aloízio Mercadante.

No baú dos Vedoin deve ter muita coisa.

A foto do ET de Varginha.

A Carta Brandi, que a direita usou contra Vargas.

As cartas contra Arthur Bernardes.

O endereço de Anastásia, depois que deixou a Rússia.

O Plano Cohen, que Vargas usou contra os comunistas.

A fórmula secreta do sul-coreano Woo-Suk Hwang para clonar embriões humanos.


A carta da MSI ao presidente do Corinthians, Alberto Dualib.

Os print-outs com a contabilidade da Enron, que a Arthur Anderson jogou na fogueira.

É tudo uma questão de preço.

Agora, se tem uma coisa no baú dos Vedoin, isso, com certeza, é a contabilidade de 70% das ambulâncias que venderam ao Ministério da Saúde, no Governo FHC, nas gestões de José Serra e Barjas Negri.

Mesmo que Abel Pereira não se tenha interessado em comprar.


PS: O nosso colaborador Zé Scafi lembrou que no baú do Vedoin também tem:

1) A taça Jules Rimet (verdadeira);

2) A planta da casa do Bin Laden;

3) A fórmula oficial da Coca-cola.


Mas que o Serra e o Negri estão lá, estão."

terça-feira, 17 de outubro de 2006

E o segundo virá?

A história do golpe que levou a eleição ao 2º turno

Finalmente o golpe foi desmascarado. Assim como aconteceu na Venezuela, a mídia brasileira embarcou na onda golpista. A edição desta semana da revista Carta Capital traz uma reportagem de capa contando o passo a passo do golpe que levou a eleição para o segundo turno.
Transcrevo aqui o texto escrito pelo jornalista Paulo Henrique Amorim sobre a matéria da Carta Capital:
"Um golpe de Estado levou a eleição para o segundo turno.

É o que demonstra de forma irrefutável a reportagem de capa da revista Carta Capital que está nas bancas ("A trama que levou ao segundo turno"), de Raimundo Rodrigues Pereira. E merecia um sub-titulo: "A radiografia da imprensa brasileira".

Fica ali demonstrado:

1) As equipes de campanha de Alckmin e de Serra chegaram ao prédio da Polícia Federal, em São Paulo, antes dos presos Valdebran Padilha e Gedimar Passos;

2) O delegado Edmilson Bruno tirou fotos do dinheiro de forma ilegal e a distribuiu a jornalistas da Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, do jornal O Globo e da rádio Jovem Pan;

3) O delegado Bruno contou com a cumplicidade dos jornalistas para fazer de conta que as fotos tinham sido roubadas dele;

4) O delegado Bruno procurou um repórter do Jornal Nacional para entregar as fotos: "Tem de sair à noite na tevê., Tem de sair no Jornal Nacional";

5) Toda a conversa do delegado com os jornalistas foi gravada;

6) No dia 29, dois dias antes da eleição, dia em que caiu o avião da Gol e morreram 154 pessoas, o Jornal Nacional omitiu a informação e se dedicou à cobertura da foto do dinheiro;

7) Ali Kamel, "uma espécie de guardião da doutrina da fé" da Globo, segundo a reportagem, recebeu a fita de audio e disse: "Não nos interessa ter essa fita. Para todos os efeitos não a temos", diz Kamel, segundo a reportagem;

8) A Globo omitiu a informação sobre a origem da questão: 70% das 891 ambulancias comercializadas pelos Vedoin foram compradas por José Serra e seu homem de confiança, e sucessor no Ministério da Saúde, Barjas Negri.

9) A Globo jamais exibiu a foto ou o vídeo em que aparece Jose Serra, em Cuiabá, numa cerimônia de entrega das ambulâncias com a fina flor dos sanguessugas;

10) A imprensa omitiu a informação de que o procurador da República Mario Lucio Avelar é o mesmo do "caso Lunus", que detonou a candidatura Roseana Sarney em 2002, para beneficiar José Serra. ( A Justiça, depois, absolveu Roseana de qualquer crime eleitoral. Mas a campanha já tinha morrido.)

11) Que o procurador é o mesmo que mandou prender um diretor do Ibama que depois foi solto e ele, o procurador, admitiu que não deveria ter mandado prender;

12) Que o procurador Avelar mandou prender os suspeitos do caso do dossiê em plena vigência da lei eleitoral, que só deixa prender em flagrante de delito.

13) Que o Procurador Avelar declarou: "Veja bem, estamos falando de um partido político (o PT) que tem o comando do país. Não tem mais nada. Só o País. Pode sair de onde o dinheiro ?"

14) A reportagem de Raimundo Rodrigues Pereira conclui: "Os petistas já foram presos, agora trata-se de achar os crimes que possam ter cometido."


Na mesma edição da revista Carta Capital, ao analisar uma pesquisa da Vox Populi, que Lula tem 55%, contra 45% de Alckmin, Mauricio Dias diz: " ... dois fatos tiraram Lula do curso da vitória (no primeiro turno). O escândalo provocado por petistas envolvidos na compra do dossiê da familia Vedoin ... e secundariamente o debate promovido pela TV Globo ao qual o presidente não compareceu."

Quer dizer: o golpe funcionou.

Mino Carta, o diretor de redação da Carta Capital, diz em seu blog, aqui no IG ( http://blogdomino.blig.ig.com.br/), que houve uma reedição do golpe de 89, dado com a mão de gato da Globo , para beneficiar Collor contra Lula. "A trama atual tem sabor igual, é mais sutíl, porém. Mais velhaca ," diz Mino.

Permito-me acrescentar outro exemplo.

Em 1982, no Rio , quase tomaram a eleição para Governador de Leonel Brizola. Os militares, o SNI, e a Policia Federal (como o delegado Bruno, agora, em 2006) escolheram uma empresa de computador para tirar votos de Brizola e dar ao candidato dos militares, Wellington Moreira Franco. O golpe era quase perfeito, porque contava também com a cumplicidade de parte de Justiça Eleitoral e, com quem mais? Quem mais?

O golpe contava com as Organizações Globo ( tevê, rádio e jornal, como agora) que coonestaram o resultado fraudulento e preparam a opinião pública para a fraude gigantesca.

Que só não aconteceu, porque Brizola "ganhou a eleição duas vezes: na lei e na marra ", como, modestamente, escrevi no livro "Plim-Plim – a peleja de Brizola contra a fraude eleitoral", editora Conrad, em companhia da jornalista Maria Helena Passos.

Está tudo pronto para o segundo golpe.

O Procurador Avelar está lá.

Quantos outros delegados Bruno há na Policia Federal (de São Paulo, de São Paulo !).

A urna eletrônica no Brasil é um convite à fraude. Depende da vontade do programador. Não tem a contra-prova física do voto do eleitor. Brizola aprendeu a amarga lição de 82 e passou resto da vida a se perguntar : "Cadê o papelzinho ?", que permite a recontagem do voto ?

E se for tudo parar na Justiça Eleitoral? O presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello já deixou luminosamente claro , nas centenas de entrevistas semanais que concede a quem bater à sua porta, que é favor da candidatura Alckmin.

E o segundo golpe? Está a caminho. As peruas da GW já saíram da garagem."

sábado, 30 de setembro de 2006

Momento Histórico

Estamo há poucas horas de escrever mais uma página importante da história do Brasil. Somos protagonistas de uma nova era. Confesso que escrevo estas palavras motivado pelo medo: medo de perder agora aquilo que cultivamos com tantas lágrimas ano após ano, eleição após eleição, derrota após derrota... Medo de não ter valido a pena sonhar com uma sociedade mais justa e igual para todos... Medo de ver este sonho, que começou a ser materializado há quatro anos com a chegada do presidente-operário ao governo, escorrer por entre os dedos como água de chuva... Medo de ver o terror vencer a esperança... Medo de ver a hipocrisia triunfar... Medo desse simulacro arquitetado para destruir a nossa força para a luta...
espero que o meu medo não saia dessa vencedor! Espero que amanhã, ao final do dia, eu possa continuar sonhando e lutando pelos ideais que alimentam minha alma...
Transcrevo aqui um texto da pesquisadora de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ivana Bentes, que foi censurado pela Folha de S.Paulo.
"O texto que segue, da professora universitária e pesquisadora de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ivana Bentes, foi encomendado pela Folha de S.Paulo para ser publicado neste domingo (1º) no Caderno Mais!, especificando que o autor deveria escolher um antigo presidente da República, já morto, que, "ressuscitado", comentaria os fatos políticos de agora.

Ivana escolheu João Goulart, o Jango. Produziu e enviou o texto para o jornal da família Frias. Neste sábado (30), foi-lhe comunicado que não será publicado. O motivo: o texto estava "fora do foco", Jango virou Lula!

Leia abaixo o texto censurado:

Morri no exílio, na província argentina de Corrientes, em 6 de dezembro de 1976, sozinho, vítima de ataque cardíaco, numa fazenda da fronteira. Tentava voltar para o Brasil, de onde me expulsaram com o Golpe Militar depois que anunciei, no dia 13 de março de 1964 num comício para 150 mil pessoas na Central do Brasil que iria fazer a Reforma Agrária, Urbana, as reformas na Educação, a Reforma Eleitoral, Tributária...

Não deixaram fazer nada e me derrubaram! As forças mais conservadoras da sociedade Brasileira se uniram e foram convocadas a me depor, toda a imprensa ficou contra mim, Esse já era o terceiro golpe midiático-militar, botaram a classe média horrorizada na rua, as senhoras da TFP, editoriais alarmistas e moralistas, páginas e páginas de jornais, rádio, TV. Assustaram todos até que cai no dia 1º de abril de 1964.

Não adiantou, estou de volta! Não sei como, só sei que eu João "Jango" Goulart, ex-presidente deposto, retornei, é dia de eleição e estou concorrendo de novo para Presidente do Brasil. Mudei de partido. Estou grisalho, perdi um dedo da mão (onde?) e me dou conta que as forças que me derrubaram em 1964 estão quase todas aí. Continuo com apoio popular, estou com enorme vantagem nas pesquisas, mas por que os jornais dos últimos meses são todos contra mim e meu partido? Estou sendo de novo linchado? Em 64 diziam que eu ia implantar o comunismo no Brasil e agora que estou implantando a corrupção em Pindorama!

Meu assessor me informa que vamos assistir à fita com o meu debate na televisão. Estou reconhecendo o pessoal da pesada de 64. Então tenho uma visão exata de quem eu sou e o que represento no Brasil de 2006, me vendo pelos olhos dos meus inquisidores. Roda o VT. Não, dá um Play. Play it again, Jango! Ouço, e então presente, passado e futuro se dobram na tela da TV.

Entrevistador e dono de uma empresa de TV:

Sr. Presidente, de todas as reformas que o senhor propôs, uma é a mais perigosa de todas, é um acinte aos empresários da comunicação, de rádio e TV. Sr. Presidente, o senhor tentou entrar na nossa caixa preta, regular nossas empresas com uma Agência. Nós somos contra, Sr. Presidente! Onde já se viu? Deu está dado! Não queremos ninguém novo no negócio. Canal de TV para Ong, para Universidade, para favela? Eles não precisam de nada disso e ainda fazem uns vídeos que são umas porcarias. Qualidade temos nós com essa imagem plastificada, atrizes esticadas digitalmente, programas incitando à delação. Eles a gente emprega pra figuração, usa para vender celular e fazer propaganda da nossa diversidade cultural. Os pobres têm estilo, são vibe, hiper, mob, servem pra vender quinquilharia e show. Mas dar canal de TV pra essa gente, Presidente?

Jango: Eu tenho um ministro da cultura que é músico e negro e quer botar ilha de edição, câmeras de vídeo e internet de graça por onde der. É o início da Reforma da Cultura, da Educação, da Comunicação, junto com o Fundeb, o Fundo para a Educação, que eu criei lá em 62, e reeditamos agora. Por que ninguém fala do Fundeb?! Eu tenho orgulho de estar implantando o Fundeb!! As cotas no Brasil! Estou botando os negros e os pobres dentro da Universidade. Temos que acabar o vestibular, tornar o acesso universal. Além disso eu criei o Bolsa Família, tirando um contingente da miséria, é a maior transferência de renda já feita nesse país. Eu apóio o MST, os Sem-Teto! Me deixem fazer as Reformas! As novas e aquelas, que vocês abortaram em 64!

Professor-Doutor-Pesquisador:

Desculpe, sr. Presidente. Eu fiz mestrado com bolsa Capes, doutorado com bolsa sandwich em Paris VIII, CNPQ, e tive bolsa de pós-doutorado em Oxford. Meus alunos têm bolsa de iniciação artística, científica, extensão... Mas eu sou contra a Bolsa Família!!! É assistencialismo dar 50 reais (é muito, acostuma mal) para pobre. Populismo, sr. Presidente! Minhas bolsas eu ganhei todas por mérito. Mérito! E olhe que sou bolsista há 10 anos! Deus me livre perder minha bolsa!

Antropóloga, antes de entrar na roda de debate:

Ô diretor, chama um negro aí para aparecer no programa, mas tem que ser contra as cotas. A gente é branco, professor-doutor, não vale. É pro povo entender que é uma merda, que eles têm que entrar para a Universidade sozinhos, por mérito, se não vai cair o nível da universidade. Botar um antropólogo branco, louro de olhos azuis falando mal das cotas não vale, vão cair de pau na gente. Tem que ser negro falando mal das conquistas dos negros.

Diretor de TV:

Você sabe, a gente detona as cotas diariamente nos editoriais, colunas, manchetes, mas nas novelas tem que ser a garota negra com o galã branco. Botamos na tela uns negros limpinhos, bonitos, cheios de dignidade. Provamos que eles vão vencer sozinhos. Cota para quê? Nunca fomos racistas! Querem criar o racismo no Brasil, sr. Presidente. O senhor está muito mal assessorado nessa área. Aliás, não vai ter cota para negros em empresas de TV, vai? Deus me livre! Não dá pra fazer Escrava Isaura no Leblon.

Entrevistador-cronista-consultor

Sr. candidato, o senhor está na frente das pesquisas, mas como esse povo ignorante, desdentado, feio, pode decidir por mim? Eu, que freqüentava o Palácio do Planalto, que era amigo e confidente do sociólogo, seu cronista-conselheiro. Eu, que sou especialista em pornografia política. Achei que poderia ser de direita mas escrever genialmente como o Nelson, mas não tenho esse talento. Estou aqui me olhando na TV e só vejo um publicitário mal-sucedido, porque o meu candidato a presidência vai perder as eleições e meus amigos vão ficar fora do poder. Sou a encarnação das forças do ressentimento. Pelo menos sou psicanalizado, me acho um crápula, mas tudo bem. Os empresários me pagam 10, 20 mil por palestra ou consultoria para eu anunciar o apocalipse. Não tenho o que perguntar. Só queria dizer olhando bem na sua cara. Eu te odeio, sr. Presidente, e morrerei escrevendo contra tudo o que o senhor significa (baba).

Apresentadora de TV:

Então Sr. Jango, depois de ouvir isso tudo sobre o seu governo, o que significará a sua reeleição?

Jango: "O triunfo da beleza e da justiça". E não me chamem mais de Jango, o ex-presidente morreu, no golpe de 64, exilado na fronteira, em 1976. O novo presidente nasceu das crises que vocês criaram, tentando me derrubar , uma duas, três, quantas vezes? Não estou mais só, em 2006, tenho 55% das intenções de votos, atingi o coração do Brasil, sou uma radicalização da democracia. Meu nome é Muitos. Sou uma potência da multidão."
Portal Vermelho

domingo, 20 de agosto de 2006

Sobre corrupção e corruptos...

Dicas para identificar um corrupto

Do Blog do Noblat, hoje: (www.blogdonoblat.com.br)

"Corrupto nasce corrupto? Corrupto tem cura? Por que uma pessoa se corrompe e tenta corromper as outras?

Em O Globo, hoje, o médico e psicoterapeuta do Hospital das Clínicas de São Paulo, João Augusto Figueiró, responde a essas e a outras perguntas do repórter Alan Gripp.

Um pouco do que ele disse:

* Considerando que o núcleo da constituição ética e moral de um indivíduo se estabelece nos primeiros oito anos de vida, ele (o corrupto) nasce ainda criança.

* O comportamento transgressor tem uma contribuição mais importante dos fatores ambientais, familiares e culturais do que propriamente de fatores genéticos ou hereditários.

* A priori, o comportamento corrupto é incurável. O indivíduo que tem esse personalidade transgressora no pior sentido vai manifestá-la sempre que tiver oportunidade. (...) No caso do político, por exemplo, o mais eficaz é privá-lo do direito de se candidatar.

* O corrupto se arrepende quando é flagrado ou punido, privado de algum tipo de benefício. Mas se ele tiver condições de trapacear novamente não vai pensar duas vezes.

* (Os corruptos) geralmente são sedutores, bem-falantes, arrogantes, menos sensíveis aos sofrimentos dos demais, egocêntricos, egoístas, , histriônicos, teatrais, instáveis e oscilam do amor ao ódio de acordo com as circunstâncias que os gratifiquem ou frustrem. São trapaceiros nas pequenas e grandes coisas de sua vida.

* Ele tem noção, sim (de que está praticando um ato corrupto). Mas apresenta uma indiferença ou racionaliza, apresentando sempre uma explicação para validar o seu ato: "Eu ajo assim porque todo mundo faz ou o meu partido faz assim porque todos fazem".

segunda-feira, 31 de julho de 2006

TV

Anúncio da Band declara guerra à Globo na cobertura eleitoral

Folha Online, hoje:

"A cobertura jornalística das eleições deste ano já começou com uma declaração de guerra. Rebatendo o anúncio de página dupla que a Globo publica desde a semana passada nos maiores jornais do país sob o título "Eu prometo", hoje a Band publicou o seu anúncio, também de página dupla, em que proclama: "Eles prometem. A Band cumpre".

Nesta segunda-feira, as emissoras iniciam seus esquemas especiais de cobertura eleitoral. Nos jornais, a propaganda da líder de audiência no país promete "isenção, transparência e compromisso com a verdade". O texto publicitário cita "a maior cobertura jornalística que uma eleição já teve no Brasil".

Entre os destaques da cobertura preparada pela Globo, o anúncio ressalta a Caravana JN, que inclui um barco e um ônibus com Pedro Bial (que já ganhou o apelido de Priscilão, numa alusão ao filme "Priscila - A Rainha do Deserto") que percorrerão as cinco regiões brasileiras. A emissora prepara ainda debates (um com candidatos a governador, em 26 de setembro, e outro com candidatos à Presidência, em 28 de setembro), reportagens especiais, pesquisas eleitorais e entrevistas.

Já a Band preferiu criticar a concorrente a detalhar a sua cobertura. Em um texto de forte teor crítico, diz que o eleitor já está acostumado com promessas dos candidatos. Em referência ao "Eu prometo" da Globo, afirma: "Duro é promessa de quem nem candidato é [...] Para chegar lá, não basta ônibus ou barco. A viagem pela história é bem mais complexa".

O anúncio cita momentos cruciais das últimas três décadas da vida política brasileira, entre eles a volta dos exilados ao Brasil em 1979 ("A Band entrevista exilados de volta ao Brasil. Eles silenciam") e as fortes denúncias de irregularidades na eleição de 1982 no Rio de Janeiro ("A Band denuncia o Proconsult no Rio. Eles silenciam") --tema do livro "Plim-Plim a Peleja de Brizola Contra a Fraude Eleitoral", de Paulo Henrique Amorim e Maria Helena Passos.

Episódios ainda mais emblemáticos da política nacional, ocorridos a partir da década de 80, também estão no anúncio: a campanha das Diretas em 1984 ("A Band cobre os comícios das Diretas Já. Eles silenciam"), o famoso debate entre Collor e Lula em 1989 ("A Band faz o primeiro debate na TV brasileira entre candidatos à Presidência. Eles manipulam a edição do debate") e as denúncias contra o governo Collor, em 1991 ("A Band entra desde o primeiro momento na cobertura ao vivo da CPI do governo Collor. Eles só aparecem depois").

Ao fim do texto publicitário, a emissora pergunta sobre a cobertura deste ano: "2006 - A Band vai fazer a cobertura mais precisa e imparcial da TV brasileira. E eles? Será que mudaram?".

A Globo deve divulgar um comunicado sobre o assunto nesta segunda-feira. A campanha dos candidatos em rádio e TV começa em 15 de agosto."

sexta-feira, 28 de julho de 2006

Pirataria

Pirataria no Brasil caiu 12% de 2003 a 2005, informa a indústria fonográfica
Aline Beckstein da Agência Brasil, hoje:
"O Brasil está entre os dez países com maior incidência de pirataria musical, segundo relatório deste ano da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês). O documento, divulgado hoje (27), afirma que, no entanto, a participação de CDs piratas no mercado brasileiro caiu de 52% para 40% entre 2003 e 2005.

O relatório aponta como essencial para essa queda a criação, em 2004, do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, vinculado ao Ministério da Justiça. As recentes operações de repressão na fronteira com o Paraguai, no Rio de Janeiro e em São Paulo também teriam ocasionado um grande número de detenções, embora poucas condenações. A IFPI estima que a pirataria causou o fechamento de 80 mil postos de trabalho desde 1997.

Para o secretário executivo do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, André Barcellos, só as apreensões feitas pela Polícia Rodoviária Federal aumentaram de 450 mil mídias (CD, DVD e CD-ROM) em 2004 para 2 milhões em 2005. No primeiro semestre deste ano, diz ele, o número já chega a 4 milhões.

Barcellos disse, no entanto, que é preciso intensificar as chamadas ações educativas e econômicas. Segundo ele, a campanha “Pirata tô fora, só compro o original” precisa do apoio de entidades privadas para não cair no esquecimento. “Conta com a participação do conselho e foi lançada durante o carnaval, mas é preciso dinheiro para ser mantida durante o ano”.

Os outros países mencionados entre os “dez mais” da pirataria são Canadá, China, Coréia do Sul, Espanha, Grécia, Indonésia, Itália, México e Rússia."

quinta-feira, 27 de julho de 2006

Sanguessugas

Atuação da Planam foi maior na gestão FHC e envolve tucanos e pefelistas

Levantamento divulgado nesta quarta-feira (26) pela CGU (Controladoria Geral da União) demonstra que a atuação da Planam foi maior nos últimos três anos do governo Fernando Henrique Cardoso. A empresa é acusada de ser a cabeça do esquema que desviava recursos do Orçamento da União por meio da compra superfaturada de ambulâncias, o chamado "escândalo das sanguessugas".
Os dados da CGU revelam que em 2002, último ano do governo FHC, a Planam respondeu por mais da metade dos contratos firmados pelo Ministério da Saúde para a compra de ambulâncias. Dos 615, a empresa ficou com 317. O Ministério repassou para a empresa R$ 27,04 milhões.
Em 2001, a Planam respondeu por 24,25% dos contratos e em 2000, por 28,60%. O ministro Jorge Hage (CGU) enfatizou que, no governo Lula, os números caíram. No primeiro ano do mandato do PT, os contratos com a Planam com o Ministério da Saúde representaram 24,39%; em 2004 baixaram para 16,17%. Segundo o ministro, ainda não é possível dizer que em todos os contratos há irregularidades, mas como há a presença da Planam estão sob suspeita.

Prefeituras

A CGU mostrou ainda um levantamento das prefeituras e das emendas parlamentares que originaram os convênios com a empresa. Das 119 prefeituras investigadas, foram encontradas irregularidades em 44. A maior parte delas é administrada pelo PFL (16), pelo PMDB (14) e pelo PSDB (13).

Também foi divulgada uma lista como nomes de 33 parlamentares. Todos tiveram seis ou mais emendas destinadas à compra de ambulâncias adquiridas pela empresa. Nesse lista, 13 são do PSDB e do PFL.

Foram analisados 3.048 convênios entre os anos de 2000 e 2004, dos quais 891 têm a participação da empresa, cujos donos foram presos pela Operação Sanguessuga, da Polícia Federal. De todas as 591 prefeituras benecificadas com emendas de ambulâncias do grupo Planam, neste período de 4 anos, 128 são do PSDB e 107 do PFL.

Investigação

Durante entrevista coletiva, o ministro Jorge Hage, da CGU, criticou os que tentam atribuir as irregularidades ao governo Lula. "Por que o governo há de ser posto na condição de réu quando foi o autor da investigação? Vamos divulgar os dados objetivos", disse.O ministro contestou a CPI dos Sanguessugas, que esta vazando informações que interessam a determinados partidos. "Não se trata de jogar os sanguessugas no colo do governo, mas de se repelir o escamoteamento da verdade. A fonte da CGU não é A ou B nem de quem está interessado na delação premiada", afirmou.As informações da Controladoria são baseadas no resultado das investigações de prefeituras escolhidas por sorteio. O levantamento foi feito em parceria com o Ministério da Saúde, que recolheu em todos os Estados do país as prestações de contas dos convênios já executados e que envolviam ambulâncias.

A partir daí, os auditores cruzaram dados para registrar as emendas parlamentares que originaram os recursos públicos. Com isso foi possível indicar prefeituras, deputados, senadores e ex-parlamentares suspeitos de envolvimento com as fraudes. Vários deles não estão sendo investigados pela CPI.
Parlamento

Segundo o cruzamento da CGU, dos 3.048 convênios analisados, apenas 291 não tiveram origem em emendas parlamentares, ou seja, podem ter sido alocados pelo poder Executivo. O restante teve origem no Congresso, dentro do processo de elaboração do Orçamento Geral da União.

Mas apenas 891 têm ligação com a empresa investigada. “Não podemos afirmar que, em todos os 891 casos, há irregularidade, mas há presença de empresas do grupo Planam. Isso é um indício fortíssimo de fraude, mas não temos provas documentais”, disse Jorge Hage.Segundo ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que também participou da coletiva, o esquema de fraudes existe provavelmente desde 1998, no governo Fernando Henrique Cardoso. A maior parte dos convênios da Planam analisados corresponde aos anos de 2001, com 961, e 2002, com 615. Desde 2000, a Planam movimentou R$ 78,9 milhões somente com convênios para ambulâncias.
Agência Brasil e da Folha Online

quarta-feira, 26 de julho de 2006

Jornalismo

Marinho discute com jornalistas regulamentação da profissão
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, reúne-se hoje (26), às 14h, com representantes da ANJ (Associação Nacional dos Jornalistas) e Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) para discutir os pontos polêmicos do Projeto de Lei que modifica a regulamentação da profissão de jornalista (Decreto Lei nº 972/69).

A matéria - que teve origem em um projeto do deputado Pastor Amarildo (PSB-TO) - está no Palácio do Planalto para sanção, veto, ou veto parcial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva até sexta-feira (28).

O texto foi aprovado pelo Senado em 4 de julho desse ano e encaminhado ao Palácio do Planalto no último dia 11. A Casa Civil agora analisa a nova lei. Na segunda-feira (24), o Ministério da Justiça encaminhou parecer propondo o veto total ao projeto de lei.

Assinada pelo secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Luiz Armando Badin, e endereçada à Subchefia de Assuntos Parlamentares da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, a avaliação do ministério aponta a inconstitucionalidade do projeto.
“(...) A regulamentação do direito à associação da maneira apresentada no projeto viola a norma constitucional, merecendo, portanto, o veto presidencial”, diz o texto do Ministério da Justiça.

A data limite para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronuncie sobre o assunto é 28 de julho. Ontem (25), a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, disse que a decisão ainda não foi tomada, mas que vê “problemas sérios de constitucionalidade e legalidade” no projeto. O anúncio da decisão presidencial, segundo ela, deve ocorrer amanhã (26).
No parecer, o Ministério da Justiça, depois de propor o veto, destaca a importância do debate sobre a regulamentação da profissão de jornalista e sugere que o governo, promova “uma ampla e profunda discussão com a sociedade civil, entidades de classe e profissionais” sobre o assunto.
Agência Brasil

"Gostaria que o Serra tivesse sido eleito", afirma chefe das sanguessugas

O jornal Folha de S.Paulo, em sua edição desta terça-feira (25), informou que, em depoimento prestado à Justiça Federal, o empresário Luiz Antonio Vedoin, apontado pela Polícia Federal como chefe da quadrilha dos sanguessugas, revelou que esperava que o candidato tucano a presidente da República em 2002, José Serra, saísse vitorioso.

“Desta forma, disse ele, não teria problemas para receber R$ 8 milhões devidos a suas empresas, como normalmente ocorria no governo Fernando Henrique Cardoso”, diz o jornal.

Ainda segundo o diário, documento da Justiça Federal, com base em depoimento do empresário, diz que o " interrogando acreditava que o candidato José Serra iria vencer as eleições do ano de 2002 e as emendas iriam ser pagas normalmente, como ocorreu durante o governo Fernando Henrique Cardoso".

O empresário, segundo o jornal, disse à Justiça que ele e o pai, Darci Vedoin, foram no começo de 2003 ao então ministro Humberto Costa para tentar liberar recursos do Orçamento da União, no valor de R$ 8 milhões, supostamente referentes a vendas de ambulâncias feitas pela Planam (principal empresa da quadrilha) a prefeituras ainda no periodo do governo FHC.

O dinheiro não teria sido liberado porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que derrotou Serra, congelou investimentos ao assumir o governo.

Omissão
Durante a inauguração do Comitê Central para a Reeleição de Lula, em Brasília, na segunda-feira, Berzoini criticou a cobertura que a imprensa tem dado à CPI das Sanguessugas e considerou que as críticas estão centradas no ex-ministro da Saúde Humberto Costa.
“O problema começou na gestão anterior. Vocês (da imprensa) estão sendo muito duros com o Costa. E com José Serra há uma omissão muito grande por parte da imprensa. Vocês estão dando tratamentos diferenciados”, disse.

Foi graças ao governo atual, por intermédio da CGU (Controladoria Geral da União), que o esquema foi detectado e investigado, também pela Polícia Federal.

terça-feira, 25 de julho de 2006

TV Tropical

Emissora do senador José Agripino (PFL-RN) censura opinião do telespectador

Na quarta-feira 19 de julho, recebi um e-mail de Rodrigo Levino, apresentador da TV Tropical, em resposta aos comentários que fiz sobre o papel do jornalista e o tipo de jornalismo praticado pela emissora onde ele trabalha e comanda o programa "Encontro com a Notícia". No e-mail, Rodrigo prometia que minhas críticas seriam respondidas no programa de sábado 23 de julho (a resposta de Rodrigo está postada no bog). Isso não aconteceu. A TV de Agripino cerceou o direito de expressão de um cidadão, negando aos demais o conhecimentos dos fatos envolvidos na discussão.
No mesmo dia em que recebi a resposta enganosa de Rodrigo, enviei ao apresentador outro e-mail, onde eu teci outros comentários e ampliei o leque das críticas. Talvez tenha sido isso o que deixou a direção da TV de Agripino irritada.
Por isso, transcrevo aqui o conteúdo desse segundo e-mail do dia 19 de julho para que os leitores do blog fiquem inteirados sobre a situação:
"Caro Rodrigo,

Agradeço pela atenção dedicada ao meu e-mail e pela consideração em respondê-lo. Gostaria de acrescentar algumas coisas ao que já escrevi na mensagem anterior por considerar importante para o aprofundamento do presente debate.

Considero que as "questões sobre a linha editorial política da TV Tropical" são muito importantes para entendermos o que há por trás da notícia que o referido veículo leva ao cidadão. Principalmente, repito, pelo fato de se tratar de uma concessão pública, que deveria ter em conta o interesse público. A transmissão quase diária dos pronunciamentos do proprietário da TV e senador José Agripino serve ao interesse de quem? Como observa a professora da USP e filósofa Marilena Chauí, estamos nos movendo num campo público de interesses, mas que é regido por interesses privados e políticos.

O cidadão comum tem que ficar em casa resignado e mudo, pois não tem como manifestar sua insatisfação com o tratamento que os grandes veículos de comunicação dão aos fatos (quando há fatos). Isso, obviamente, não acontece apenas na TV Tropical. Observo o mesmo padrão nas outras emissoras locais, que, sem nenhuma excessão, atrelam o seu conteúdo aos interesses dos grupos políticos que as controlam. Por isso, é extremamente importante tratar da necessidade de democratização dos meios de comunicação. Penso que se isso não for levado em consideração, a essência desse debate vai por água abaixo.

No mesmo dia 15/07, os debatedores do "Encontro com a Notícia" aproveitaram a onda do PCC para, além do PT, destilarem seu ódio contra os movimentos socias no Brasil. Ressuscitaram os casos "Celso Daniel" e "Toninho do PT" para, nas entrelinhas, insinuar que as mortes desses dois personagens atenderiam aos interesses do partido do presidente Lula. Quase faziam como Élio Gáspari, colunista d'O Globo, que acusou Lula de ter suas impressões digitais na arma do policial que matou o brasileiro Jean Charles de Menezes em Londres.


Relembraram o caso da invasão do Congresso Nacional pelo Movimento pela Libertação dos Sem Terra (MLST), somente para dizer que quem comandou o ato foi um "dirigente da alta cúpula petista", insinuando que a confusão teria sido planejada e posta em prática pela direção do Partido dos Trabalhadores.

Essa foi a deixa para, novamente, tentar criminalizar todos aqueles que lutam pela reforma agrária no país. Claro, as cenas de violência no Congresso Nacional foram lamentáveis e injustificáveis. Mas, mais lamentável ainda foi a forma sórdida, hipócrita e covarde como esse acontecimento foi explorado por parlamentares e pela mídia, inclusive a imprensa potiguar.

A grande imprensa, assim como a imprensa local, sempre tratou os movimentos sociais como quadrilhas de criminosos, mesmo em ações pacíficas, como se a causa do surgimento dessas organizações populares não fossem legítimas. É como se dissessem (claro que não explicitamente) que pobre no Brasil não tem o direiro de se organizar.

O que deveria ser tratado como um excesso grave de um movimento social, foi tratado como "baderna", "arruaça", "bandidagem". A falta de terras para agricultores em um país onde "grileiros" possuem territórios equivalentes às dimensões de uma Holanda, é um ato de violência muito maior e cruel, incomparável ao que aconteceu no Congresso Nacional. Parece até que não há motivos para a população se revoltar.

A descontextualização dos fatos é a principal arma que a mídia (a grande indústria de manipulação das consciências, na definição de José Arbex Jr.) utiliza para passar sua mensagem à população.

Frei Betto observa que "No capitalismo, a moral predominante na sociedade é ambígua e contraditória, pois o valor maior para o sistema é a acumulação do capital. Assim, na moral desse sistema, a propriedade privada é um valor acima da existência humana (...). Maior e mais divino é o bem do povo que o bem particular, lembra São Tomás de Aquino".

Aqueles que se colocam tão ferrenhamente contrários aos movimentos sociais deveriam se pronunciar claramente se estão satisfeitos com a desigualdade social brasileira, se concordam com a concentração fundiária existente desde a época das capitanias hereditárias.

Atenciosamente,

Alisson Almeida (Estudante de Jornalismo da UFRN)".

segunda-feira, 24 de julho de 2006

Saiba mais sobre as sanguessugas

FENASTC (08/05/06)
A repetição do mesmo modus operandi na compra de unidades móveis de saúde para diversas prefeituras por parte de um grupo de empresas foi o que motivou a Controladoria-Geral da União (CGU) a informar à Polícia Federal, no final de 2004, a respeito do esquema que indicava ter proporções de âmbito nacional. A informação foi dada hoje pelo ministro interino Jorge Hage, ao explicar as práticas do grupo.
As ações da CGU realizadas por meio do Programa de Fiscalização a partir de Sorteios Públicos permitiram identificar a ocorrência de coincidência de fornecedores e participantes de processos licitatórios de unidades móveis de saúde em vários municípios, em diferentes Estados. A partir de então, a CGU passou a monitorar esses acontecimentos e solicitou à Polícia Federal apoio para o desenvolvimento de um trabalho conjunto que pudesse desarticular o esquema. Desde então, os dois órgãos trabalharam em parceria nas investigações que culminaram com a operação Sanguessuga.
Entre as práticas comprovadas pelos fiscais da CGU, que analisaram inicialmente 98 processos de acompanhamento de convênios referentes às emendas parlamentares para aquisição de unidades móveis de saúde, contempladas nos orçamentos de 2000, 2001 e 2002, estão direcionamento de licitação; simulação e fraudes nos processos licitatórios; superfaturamento; falsificação de documentos fiscais, entre outras.
Dentre os processos analisados na época, 65 referiam-se a emendas de um deputado de Rondônia. Em 63 deles, as licitações foram adjudicadas para uma das empresas Santa Maria Comércio e Representações, Klass Comércio e Representações, Enir Rodrigues de Jesus – EPP, Nacional Comércio de Materiais Hospitalares e Planam Veículos. A suspeita de que as emendas do deputado eram direcionadas a essas empresas foi reforçada pelo fato de que em algumas prefeituras, beneficiadas também por emendas de outros parlamentares para aquisição de veículos similares, foi verificada maior competitividade nas licitações, inclusive com a participação de concessionárias de fábrica.
Em Ji-Paraná, por exemplo, em outubro de 2000, a prefeitura adquiriu um veículo Renault Trafic, ano 2000, por R$ 69,4 mil, da empresa Santa Maria. A licitação foi realizada na modalidade convite, com recursos obtidos por meio de emenda apresentada pelo parlamentar. Nove meses depois, em julho de 2001, a prefeitura adquiriu da empresa Panambra Veículos outra unidade, com as mesmas características, por R$ 45,6 mil. Dessa vez, a emenda havia sido apresentada por outro parlamentar e a licitação realizada por tomada de preços.
Diferenças expressivas entre os valores dos veículos adquiridos por meio de emendas do deputado em questão e os dos adquiridos por meio de emendas de outros parlamentares evidenciaram a prática de sobrepreço. Em São Miguel (RO), a montagem de gabinete médico/odontológico custou, em setembro de 2000, R$ 63,1 mil, sendo que dois meses antes, em Vilhena (RO), o mesmo equipamento havia custado R$ 20,6 mil.
Além disso, em pelo menos quatro processos foram encontradas nota fiscais adulteradas, com os valores apagados. Em uma dessas notas, verificou-se que o veículo havia custado R$ 50 mil à empresa Santa Maria. Após a adaptação para ambulância, a empresa revendeu-a para a prefeitura de Cerejeiras (RO) por R$ 84,2 mil. Esse procedimento de esconder o valor do custo do veículo, segundo os fiscais, só se justifica para superfaturar o preço de venda.

PCC

Marcola ataca Alckmin na CPI

De Luciana Nunes Leal em O Estado de S.Paulo, hoje:

"No depoimento sigiloso de mais de quatro horas que prestou a deputados da CPI do Tráfico de Armas, no dia 8 de junho, em Presidente Bernardes (SP), o chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Camacho, o Marcola, não se intimidou diante dos políticos, perguntou os partidos a que pertencem e fez questão de citar o candidato do PSDB à Presidência da República, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, de forma hostil e agressiva.

Marcola classificou como "uma forma de dar uma resposta à sociedade" a decisão do ex-secretário da Administração Penitenciária Nagashi Furukawa de transferir os principais líderes do PCC para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. A medida levou à onda de ataques da facção que aterrorizou São Paulo em maio.

Indagado pelo relator da CPI, Paulo Pimenta (PT-RS), se a intenção da Nagashi era dar "uma demonstração de força", Marcola respondeu: "Para promover o Alckmin". E emendou que "o tiro saiu pela culatra".

Em vários momentos, Marcola insistiu que a cúpula do governo paulista atribui a ele mais importância do que realmente tem dentro da facção criminosa, para valorizar o fato de que o líder está preso. "Se eu fosse político, eu ia arrumar um Marcola também", afirmou, rindo. "Tá tudo errado, a segurança pública... tá um caos, a culpa é do Marcola, não é do Alckmin. Nunca. Infelizmente", criticou."

Fonte: Blog do Noblat (www.blogdonoblat.com.br)